Na tarde deste sábado (18), as equipes policias que integravam as buscas coordenadas pela Delegacia da Mulher de Pato Branco, prenderam o homem acusado da morte de Guilherme Ambrosini na madrugada do domingo (12), e de pelo menos três crimes de violência sexual de mulheres e ainda atos contra os homens que estavam com duas delas, quando dos estupros.
Claudir Lisboa da Silva, conhecido no meio policial como “Marmita”, foi preso no limite das comunidades de Nossa Senhora do Carmo e São Caetano, em uma área de mata, próximo ao local onde passou a noite de sexta-feira (17).
As equipes policiais que iniciaram as buscas ainda na quinta-feira (16), em Serrano Baixo, Clevelândia, trocaram tiros com o homem na tarde da sexta, quando emboscaram entre as localidades de Nossa Senhora do Carmo e São Miguel, contudo, mesmo baleado ele fugiu. Na fuga, ele descartou algumas peças de roupas que usava, o que passou a ser utilizado pelos policiais em sua localização.
Já nas primeiras horas de sábado, com o trabalho de buscas reestabelecido em sua totalidade, o proprietário de um imóvel na comunidade de São Caetano informou aos policiais ter indícios de ocupação de uma edícula. Com auxílio de helicóptero do Grupamento de Operações Aéreas (GOA), da Polícia Civil do Paraná e do Serviço Aeropolicial (Saer) de Santa Catarina, drones da Polícia Militar e da Receita Federal e cães farejadores, as equipes policiais que estavam há três dias efetuando as buscas, prenderam Claudir em novo cerco na tarde do sábado.
Na ação ele foi alvejado pela polícia e ao ser capturado foi encaminhado inicialmente para a UPA e em seguida para o Instituto São Lucas (ISSAL).
Em nota, nessa segunda-feira (20), o ISSAL informou que Claudir “foi submetido a procedimento cirúrgico abdominal devido a múltiplos ferimentos por arma de fogo”, ainda no sábado. A nota também afirma que a cirurgia foi bem sucedida e o paciente passa bem, “com provável alta hospitalar amanhã [terça-feira, 21].”
Delegada aponta que preso tem traços de psicopatia
Em coletiva de imprensa ainda na tarde do sábado, a delegada responsável pela Delegacia da Mulher, Franciela Alberton revelou detalhes sobre o trabalho de investigação de três meses, que resultou nas buscas e prisão de Claudir Lisboa da Silva.
De acordo com a delegada, o homem cometia os estupros de maneira semelhante. “Sempre com luvas, capuz e touca balaclava, para não deixar rastros. Ele escolhia as vítimas, sempre casal, amarrava o rapaz, colocava no porta-malas, levava os dois para onde queria e os atacava”, detalhou Franciela, que ainda contou que o homem tem traços de psicopatia.
A delegada revelou que até a madrugada do domingo (12), quando foi registrada a morte de Guilherme Ambrosini, em um loteamento no bairro Fraron, a equipe de investigação da Delegacia da Mulher estava trabalhando em dois casos de crimes de estupro, registrados em abril e maio deste ano.
Segundo a delegada, nessas ocorrências, o autor imobilizava o homem e colocava no porta-malas do carro. Em um dos casos ele estuprou a vítima, enquanto que no outro, cometeu crimes de violência sexual.
Franciela também revelou que o preso pegava de suas vítimas, roupas íntimas como uma espécie de troféu e ainda as fazia gravar depoimentos afirmando que não haviam sido vítimas de violência sexual.
Já no caso de Guilherme Ambrosini, o modo de agir levou aos investigadores a mesma autoria. A delegada expôs ainda que mesmo após ter atirado em Guilherme, o preso permaneceu no automóvel por certo tempo, com a jovem, até a levar para uma área afastada e também cometer violência sexual.
Cronologia
Condenado pela Justiça a 48 anos de prisão, por crimes de estupro, homicídio, furto, entre outros delitos, Claudir Lisboa da Silva, o Marmita, foi solto em 25 de dezembro de 2021, após cumprir 16 anos de sua pena.
Ele recebeu o benefício de tornozeleira eletrônica, dispositivo que ele rompeu em 1º de março deste ano, pouco antes de iniciar os crimes em série que levaram a sua prisão no sábado (18).
Segundo a delegada, Claudir cumpria pena em Curitiba e foi na capital do estado, em março, que ele rompeu a tornozeleira eletrônica, ficando fora do monitoramento.
Conforme as investigações policiais, desde que rompeu a tornozeleira, Claudir passou a ocupar casas de veraneio, cometer pequenos furtos, além de não utilizar contas bancárias e outros serviços que poderiam apontar sua localização.
Em abril, ele comete o primeiro crime em Pato Branco, voltando a agir em maio e posteriormente em junho.
Com a investigação em curso, a polícia reúne provas e solicita a Justiça mandados de busca e apreensão ao acusado e na quinta-feira (16), iniciam as buscas na região de Serrano Baixo, Clevelândia, onde na fuga, Claudir deixou cair o carregador de uma pistola 9mm, com munição compatível a utilizada no homicídio da madrugada do dia 12.
Na sexta-feira (17), na parte da tarde, já de volta a Pato Branco, o preso trocou tiros com a polícia. Ele foi alvejado no tórax e deixou cair peças de roupa que facilitaram o trabalho dos cães farejadores que estavam sendo empregados nas buscas.
Na tarde do sábado (18), em uma região de mata densa, quando a polícia utilizava de helicópteros, drones e equipes para o cerco policial, o cão farejador apontou o rastro do fugitivo, que cercado, foi preso.