Salvar vidas é parte da rotina da policial militar Josiele Veríssimo, do 8º Batalhão da Polícia Militar do Paraná, em Paranavaí, mas em julho deste ano, ela encontrou uma maneira diferente de fazer isso: doando medula óssea para um desconhecido.
Tudo começou em 2018, quando Josiele participou de uma campanha do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar) para doar sangue e decidiu compartilhar seus dados com o Registro Brasileiro de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome). “O Hemonúcleo sempre pede para o batalhão ajudar nas campanhas de doação de sangue, e em uma dessas vezes, me perguntaram se eu queria me cadastrar no banco de doadores de medula e eu aceitei. Nem sabia direito o que era”, relembra.
Cinco anos depois, em novembro de 2023, Josiele recebeu uma ligação do Redome informando que ela era compatível com um paciente necessitando de transplante. “Me perguntaram se eu teria disponibilidade, eu disse que sim”, conta a soldado.
O processo de doação, que pode ocorrer em qualquer estado do Brasil, foi adiado algumas vezes devido a problemas pessoais e logísticos, incluindo as chuvas no Rio Grande do Sul e a morte do pai de Josiele. Apesar dos desafios, sua determinação em ajudar se fortaleceu. “Meu pai faleceu no final de maio, e em junho me ligaram dizendo que haviam agendado para fazer a doação em Minas Gerais. Apesar de ser um momento difícil, parece que tudo se encaixou para dar certo”, relata.
O transplante ocorreu em 22 de julho, em Juiz de Fora, Minas Gerais. Josiele ficou internada por uma semana para se preparar, passando por um procedimento de produção de células-tronco. “No quarto dia eu cheguei a 270 milhões de células e pude fazer o procedimento”, explica a policial.
O transplante, que durou cerca de quatro horas, foi indolor para Josiele. “Me falaram que eu poderia sentir um pouco de náusea, mas eu não senti nada. Foi muito tranquilo. Fiquei um tempo em observação e logo recebi alta”, conta.
Josiele só poderá obter informações sobre o destinatário da doação após dois anos do procedimento. Até então, ela sabe que suas células podem ser utilizadas para uma segunda doação, se necessário.
A policial destaca a importância do registro de doadores. “Nós somos milhões de pessoas saudáveis que podem ajudar o próximo. O mais importante de tudo isso é que as pessoas se cadastrem no registro de doadores”, afirma.
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DOAÇÃO DE ÓRGÃOS
Segundo o Redome, o Brasil tem 5,5 milhões de doadores cadastrados e cerca de 2 mil pessoas necessitam de transplantes. O Paraná é o terceiro estado com maior número de transplantes de medula óssea realizados, com 36,3 procedimentos por milhão de habitantes em 2023, de acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO).
Para se registrar como doador, basta procurar um Hemocentro com um documento de identificação e aceitar participar do registro de doadores. No Paraná, isso pode ser feito em qualquer unidade do Hemepar.
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