Polo regional de Saúde

Com tecnologias, investimentos, estruturas e bons profissionais, Pato Branco se consagrou como referência em saúde para toda a Sétima Regional, recebendo pacientes, inclusive, dos grandes centros

Ao longo de seus 70 anos, Pato Branco conquistou o título de polo regional de saúde, prestando atendimento de referência em áreas de baixa, média e alta complexidade. O Município fornece acesso à saúde com cobertura da atenção primária, saúde complementar, cobertura vacinal, atendimento pré-natal, atendimento para doenças oncológicas, entre outros.

De acordo com a secretária de Saúde de Pato Branco, Lilian Brandalise, o município vem crescendo de forma acelerada e o ritmo não deve diminuir nos próximos anos. “É uma cidade que tem muito a crescer na área da saúde, então precisamos investir nos avanços tecnológicos”.

A secretária elencou que, para o desenvolvimento esperado, além da alta tecnologia que já está presente nos hospitais do município, para a saúde pública, é necessário introduzir com mais afinco a conversa com a população.                                                                     

“Isso não vai demorar muito, mas precisa evoluir, por exemplo, nas políticas públicas de saúde. Penso que o Município precisa evoluir na rede de saúde mental e na rede de pessoas com deficiência”, destaca, comentando que, por mais que já exista a devida atenção para essas áreas, ainda é necessária maior ampliação.

Falar de projeção na medicina é um assunto delicado, pois depende da evolução tecnológica, currículo dos cursos da área da saúde, financiamentos e recursos. As tecnologias utilizadas atualmente têm um custo elevado e, pensando em saúde pública, os recursos ofertados para o Sistema Único de Saúde (SUS) ainda é defasado, tornando necessário a disponibilidade de recursos vindos do Governo do Estado e administração municipal.

“Hoje o Município tem orçamento de R$ 200 milhões. São 700 funcionários, e eu não tenho dúvida que na estrutura que a gente precisa, quando chegar daqui uns 30 anos, talvez a gente tenha o dobro de gente”, comenta Lilian.

A atenção primária é o principal foco da gestão atual de Pato Branco. O processo de trabalho das equipes vem sendo fortalecido, mesmo com todas as dificuldades enfrentadas em tempos de pandemia da covid-19.

Para a secretária, mesmo com todos os avanços na saúde do município, para o futuro, será necessária uma equipe multiprofissional, “porque só o médico, a enfermeira e os agentes comunitários não vão dar conta de cuidar das pessoas”.

Lilian destaca que a atenção primária não é um ambulatório, mas sim um processo completo de cuidado para as pessoas, exigindo uma equipe multiprofissional completa para atuar nas três etapas do cuidado: a promoção, prevenção e recuperação do indivíduo.

Pandemia

Reflexos da pandemia de covid-19 serão sentidos por muito tempo – Crédito: Rodinei Santos/ Arquivo PMPB

Em 2020, a chegada de uma pandemia de um vírus até então pouco conhecido, onde o mundo não estava preparado para lidar com a pausa de atividades em diversos seguimentos, não assustou apenas a população, mas também os órgãos públicos e, principalmente, aqueles que estavam à frente do atendimento da saúde.

No mundo, 6.637.529 pessoas tiveram suas vidas ceifadas pela covid-19. Dessas, 690 mil óbitos foram registrados no Brasil até o momento. A doença deu uma trégua apenas depois que as vacinas chegaram, porém, os órgãos de saúde precisaram lidar, ainda, com o receio das pessoas em receberem o imunizante. Atualmente, o Brasil tem 82,4% da população com o esquema vacinal completo contra a doença, porém, o vírus continua se reinventando e impactando o mundo com novas variantes.

De acordo com Lilian, havia uma expectativa de que a pandemia fosse transformar as pessoas, fazendo-as ter um maior autocuidado, porém, aconteceu o contrário e recuperar o ser humano não será fácil. “Trinta anos não é muito tempo. Precisamos pensar no futuro, mas a pandemia retrocedeu algumas coisas e isso nos chateia”, destaca.

Unidade de Pronto Atendimento

Segundo a secretária de saúde, para o planejamento das estruturas que fornecerão os serviços de saúde, é preciso olhar para o futuro. Pato Branco foi contemplado pelo Governo do Estado com a verba para a construção de uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) na zona Norte da cidade, pois a concentração de atendimento está apenas na UPA da zona Sul, causando sobrecarga no espaço e também nos profissionais de saúde.

Lilian não descarta a necessidade de, no futuro, ampliar a UPA da zona Sul, pois, “Pato Branco atrai muita gente, é um município muito rico, tem muito emprego, tem acesso à saúde e educação”.

A expectativa é de que o recurso para a construção do novo espaço seja anunciado neste final de ano, com isso, a construção deve ficar para o próximo ano.

Hospitais  

Atualmente, Pato Branco conta com três hospitais: O Instituto de Saúde São Lucas (ISSAL), o Hospital Filantrópico Policlínica e o Hospital Thereza Mussi, sendo os dois primeiros com atendimento particular e SUS e o último, apenas particular.

De acordo com a secretária, até Pato Branco completar o centenário, é possível que seja necessário mais uma via de hospital público para atendimento via SUS. “É necessário ter ampliação de serviços, principalmente de alta complexidade, para diminuir os casos atendidos em outros municípios”.

Os hospitais de Pato Branco são motivos de orgulho para a cidade, sendo referência em toda a região, recebendo, inclusive, pessoas do oeste de Santa Catarina e outros municípios do Paraná. A resolutividade dos casos encaminhados para os hospitais é de 96%, sobrando apenas 4% para receber atendimento fora do município.

O São Lucas tem como missão a maternidade, com atendimento obstétrico e pediátrico, além da alta complexidade de neurologia e vascular. A Policlínica é referência na alta complexidade cardíaca e hemodiálise.

Lilian enfatiza que os dois hospitais são excelentes prestadores de serviço, com boa resolutividade, sendo que a Policlínica está construindo mais espaço, enquanto o São Lucas também já conta com proposta de ampliação.

“Espero que em 30 anos tenhamos mais estrutura para poder atender as pessoas. Os hospitais precisarão evoluir e ter maior compromisso”, comenta. Como uma das principais necessidades de saúde para o município, a secretária cita a necessidade de um cirurgião pediátrico e que, principalmente, esteja disponível pelo SUS.  

Especialidades

A saúde segue precisando de médicos generalistas entre outras especialidades – Crédito: Rodinei Santos/ Arquivo PMPB

Mesmo com o vasto atendimento ofertado pelo município, Pato Branco ainda sente a necessidade de especialidades como a neuropediatria e dermatologia, se tratando do atendimento via SUS. Lilian aponta também a necessidade de mais médicos generalistas “que saibam fazer uma boa clínica, como antigamente”.

Saúde mental

A necessidade do cuidado com a saúde mental veio ganhando espaço com o passar dos anos. Após a pandemia, a questão ficou ainda mais em evidência. Em Pato Branco, o Centro de Atenção Psicossocial II (CAPS II) já é uma realidade. O foco agora é dar andamento a esse tipo de atendimento voltado para crianças, com o CAPS Infantil.

“Já alugamos a casa para o CAPS I, que deverá ser implantado até maio do ano que vem”, destaca, ao afirmar que ainda é necessário ampliar a rede e implantar o CAPS AD III, um Centro de Atenção Psicossocial de Álcool e outras drogas, com atendimento 24 horas e internação.

“As vezes o paciente fica 10 dias na UPA aguardando leito de saúde mental, o que é muito difícil conseguir no Paraná”.

Pessoa com deficiência

A expectativa do município em relação a ao atendimento da pessoa com deficiência é a implantação do CER IV, um centro de reabilitação auditivo, visual, intelectual e físico, que possa abranger a população de toda a região.

“Já solicitamos ao Ministério a necessidade do CER IV, mas não é só para Pato Branco, tem que abranger a população de toda a região, porque é um investimento bastante alto e muito importante que a gente tenha”, afirma Lilian.

Como Pato Branco fica longe de outros centros de saúde, a secretária destaca a dificuldade que as famílias enfrentam ao precisar levar seus entes até outros municípios para receber o atendimento necessário. “Imagine levar um filho com problema físico para Cascavel toda a semana, não é longe, mas é algo que a gente poderia ter aqui, porque Pato Branco comporta isso”.

Atenção primária

Com o intuito de diminuir a morte materno-infantil, a atenção primária  prevê a prioridade no atendimento de gestantes e crianças. “Durante a gestação, se tivermos os devidos cuidados, estrutura e organização, diminuímos o risco de morte da mãe e do bebê”, afirma.

No entanto, Lilian reforça que a organização da atenção primária não diz respeito apenas a estrutura física, se referindo também a importância da equipe, insumos, retaguarda do hospital para gestação de alto risco, ambulatório e Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Isso é muito importante. Espero que nos próximos anos tenhamos mais obstetras para dar suporte às equipes estratégicas de saúde da família”, comenta, destacando que o médico que atende a estratégia e saúde da família realiza todos os atendimentos, desde crianças, gestantes e idosos, porém, em algumas situações é necessário o atendimento da rede especializada.

Oncologia

Em 2022, o Hospital do Câncer completou 25 anos

Pato Branco conta com grande capacidade oncológica, ofertando tratamento para cidades da Sétima Regional de Saúde, englobando municípios do Oeste de Santa Catarina, com equipamentos tecnológicos que propiciam maior conforto no tratamento.

“Esperamos que a oncologia desenvolva novas tecnologias, serviços, aparelhos, dando suporte para os pacientes. A quimioterapia precisa evoluir para que os pacientes não sofram tanto”, enfatiza a secretária.

Outra necessidade do município destacada por Lilian, é o tratamento para o câncer infantil. “Precisa avançar, crescer, os hospitais precisam aumentar o espaço físico, a mentalidade é a gestão. Hoje não existe muita perspectiva para isso, mas é um assunto muito discutido na região”.

Curso de medicina

A falta de profissionais da saúde em algumas áreas tem ficado em evidência em todo o país, como é o caso da pediatria. Com a instalação do curso de medicina na Universidade de Pato Branco (Unidep), além de outros cursos ofertados pela universidade, Lilian espera que os formandos busquem ofertar seus atendimentos na cidade.

“Fizemos um concurso, chamamos mais de 30 médicos, apenas 5 assumiram. Esses cursos podem desafogar a saúde, pois na metade do ano que vem, forma a primeira turma de medicina do Unidep”, comemora.

A secretaria afirma ainda, que muitos desses alunos já prestaram concurso, porém, ainda não tem CRM e vão para o final da fila, sendo chamados quando se formarem.

De acordo com Vilson Campos, coordenador do curso de medicina do Unidep, a universidade propõe aos estudantes uma perspectiva de cuidado integral das pessoas e, junto a isso, buscam as inovações em saúde para que o paciente seja o grande beneficiado. “O Unidep há 22 anos tem se dedicado a formar profissionais de saúde para a região, a nossa missão e propósito continuam firmes e nossos alunos serão transformadores da sociedade nas próximas décadas”, afirma Vilson.

Evolução

Os impactos tecnológicos são inevitáveis na medicina – Crédito: Freepik

De acordo com Vilson Campos, “a medicina possui perspectivas extraordinárias para as próximas décadas, o impacto das novas tecnologias de inteligência artificial, nanotecnologia e robótica, as possibilidades trazidas pelos medicamentos biológicos e imunobiológicos no tratamento das neoplasias e outras doenças, novas terapias com células-tronco evidenciam o que nos espera no futuro da humanidade, corroborando para aumento da expectativa de vida das pessoas”.

O coordenador idealiza para os próximos 30 anos o acesso integral aos serviços de saúde para o cidadão pato-branquense, garantindo para a população, saúde de qualidade em conceito amplo, compreendendo o biopsicossocial do indivíduo, com abordagem multidisciplinar e interdisciplinar das mais diversas áreas da saúde, e que por mais que tenha o avanço tecnológico, não perca a essência de uma prática profissional humanizada. 
O médico urologista Fábio Franzoni comenta que as filas continuam a ser o grande problema a ser sanado. “Também acho que os hospitais estão trabalhando em lotação plena e precisamos ampliar a rede de internamento. A vinda de novos médicos que se formaram na Unidep deve ajudar bastante a reduzir o déficit de profissionais na região”.

De acordo com Franzoni, a evolução da saúde na cidade e região é visível, com o surgimento de novas tecnologias, maior acesso e melhor estrutura, diminuindo a necessidade de deslocamento de pacientes para outros centros.

A secretária de saúde, Lilian Brandalise, afirma ter lutado para a evolução do Município. “A gente tem que avançar. Pato Branco precisa crescer, ter e buscar as coisas. Eu espero que no centenário do município já tenhamos uma rede de atenção à saúde melhor estruturada, tanto na atenção primária, secundária e hospitalar. Porque hoje, se pensar, nós avançamos muito, porém, a pandemia dificultou as coisas e a gente retrocedeu. Trinta anos não é muito tempo, está logo ali, e a saúde da população depende de todos nós  para manter o avanço que vemos hoje”, conclui. 

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