A velocista teme ser presa se retornar ao seu país, que, no último ano, vivenciou milhares de prisões e exílios forçados de opositores, assim como a liquidação de muitas ONGs e veículos independentes.
No domingo, Tsimanouskaya denunciou que foi forçada por seu técnico, Yuri Moiseyevitch, a deixar os Jogos Olímpicos e que, mais tarde, funcionários do Comitê Olímpico de Belarus a acompanharam até o aeroporto para que voltasse para seu país.
Poucos dias antes, a atleta havia criticado duramente a Federação de Atletismo de seu país por obrigá-la a participar do revezamento 4×400 metros. Inicialmente, ela teria de correr as provas de 100 e 200 metros. Segundo Tsimanouskaya, a imposição se deveu ao fato de dois outros velocistas de Belarus não terem passado nos controles antidoping.
A atleta foi escoltada até o aeroporto por funcionários do Comitê Olímpico Nacional de Belarus, onde deveria passar a noite em um hotel antes de voltar para casa. Durante a noite, porém, ela conversou com responsáveis do Comitê Organizador dos Jogos para que a ajudassem a não embarcar.
A atleta rejeitou o retorno forçado porque diz ter “medo” de acabar na prisão. A jovem era pouco conhecida antes deste caso, mas havia expressado publicamente sua simpatia pelo movimento anti-Lukashenko. Nesta segunda-feira, ela compareceu à embaixada polonesa em Tóquio e o governo polonês confirmou ter-lhe concedido um visto humanitário.
Tsimanouskaya recebeu um visto humanitário e “a Polônia fará o que for preciso para ajudá-la a continuar sua carreira esportiva”, escreveu no Twitter o vice-ministro polonês das Relações Exteriores, Marcin Przydacz, cujo país recebe muitos dissidentes de Belarus. República Checa e Eslovênia também se ofereceram para acolhê-la.
Nesta segunda-feira, o Comitê Olímpico Internacional (COI) confirmou que a atleta está segura no Japão. O governo japonês “seguirá cooperando estreitamente com as organizações envolvidas e tomará as medidas adequadas”, tratando o caso “de acordo com a lei”, disse o porta-voz do governo, Katsunobu Kato.
Este incidente acontece enquanto o governo do presidente Alexander Lukashenko, cujo filho Viktor dirige o Comitê Olímpico Nacional, continua sua repressão implacável dos ativistas pró-democracia. A televisão estatal de Belarus criticou a atleta, dizendo que ela “transformou sua participação em Tóquio em um escândalo grandioso”.
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