Fernando Ringel
Se no final das eleições de 2014, alguém contasse como estão sendo as de 2022, ninguém acreditaria. Dilma havia acabado de ser reeleita, mas se soubesse que aquele seria o início do calvário petista, provavelmente escolheria ter perdido. A crise política piorou a crise econômica e quando se esperava que o PT definhasse, esse acabaria sendo o destino do… PSDB! Enquanto isso, caiu a “presidenta” e entrou Michel Temer, o “presidento”. Passando o tempo entre palestras e passeios de pedalinho, a aposentadoria de Lula parecia um fato consumado. Porém, depois de mil idas e vindas jurídicas, acabaria preso, solto e, na volta à política, seria acompanhado pelo juiz Sergio Moro e o promotor Deltan Dallagnol que o condenaram. Mais ou menos chamuscados, cada um de um lado, mas todos candidatos.
Em 2014, quem acharia que sendo a terceira colocada nas eleições, quatro anos depois Marina Silva amargaria apenas 1% dos votos? Rompida com o PT há tempos, ressurgiria agora, como candidata a deputada por São Paulo, apoiando… Lula. Alheio a tudo isso, um deputado, famoso por ser alvo de chacota no antigo programa “CQC”, da Band, partiria do “baixo clero” para uma improvável eleição à presidência em 2018. Eis a história de Jair Bolsonaro, candidato à reeleição! Esperto é Aécio Neves, que não foi presidente, mas também escapou de facada, impeachment e da possibilidade de prisão. Tudo porque foi humilde e garantiu imunidade parlamentar como deputado federal, que pretende continuar sendo. Para o mineiro, é sombra, água fresca e pão de queijo.
“Debate, que eu gosto”
Só mesmo o SBT para realizar um debate presidencial… às 18h… de um sábado! Não foi, mas poderia até ser uma pegadinha do Silvio Santos, com direito ao Ivo Holanda aparecendo no lugar do Lula. Se alguém de 2014 visse o debate, ficaria surpreso que a placa “Tebet” não era para o ex-senador Ramez, mas para sua filha, Simone. E o espanto não pararia aí, porque o PSDB até esteve presente, mas aos pedaços: como vice de Simone, por meio da “cria tucana” Felipe D’Ávila, e na proposta do imposto único, de Soraya Thronicke, que era promessa antiga de Geraldo Alckmin. Ele que aliás, também está na disputa… como vice de Lula! Quem imaginaria isso?
E para quem ainda acha que vale a pena brigar com amigo e familiar por causa de política, este ano a coisa atingiu um novo nível: em Alagoas, o pai do governador Paulo Dantas (MDB) aparece na propaganda… do concorrente, acusando o filho de corrupção! Pois é, nada é muito absurdo em um país com quatro fusos horários e que teve cinco moedas apenas entre 1986 e 1994.
Para provar que a coisa anda quente, nunca houve tanta pesquisa eleitoral como na atualidade. Os números variam bastante, mas o resultado quase sempre aponta Lula na frente, seguido por Bolsonaro, Ciro e Simone. É tanta ansiedade pelo futuro que até a cigana Sara Zaad virou notícia ao prever a vitória de Lula, com grande votação e muita confusão pelo país. Seria o último debate, na Globo, o motivo dessa ampla vantagem? Aparentemente, só a vidente tem alguma certeza sobre essa eleição. Aliás, ela e Ciro Gomes, que ainda fala em vitória. Pode parecer absurdo, mas em uma eleição como a de 2022, ninguém duvida de nada.
Comunicador e professor universitário