Eduardo Rios Neto e Cimar Azeredo
Cento e cinquenta anos depois do primeiro Censo Demográfico no Brasil, vem aí o Censo 2022, uma das maiores e mais completas pesquisas domiciliares do mundo. Trata-se de esforço imenso e intenso para apurar o perfil nacional a partir de informações coletadas em 89 milhões de endereços, sendo 75 milhões de domicílios. O IBGE contará com mais de 180 mil recenseadores que vão bater de porta em porta, a partir de 1º de agosto. Para isso, está trabalhando de modo a cumprir o compromisso de garantir a função precípua do Censo, que é fazer a contagem da população com a melhor cobertura.
Pela primeira vez na história, o IBGE realizou testes para um Censo nas 27 unidades federativas. Além de experimentação e aperfeiçoamento, o objetivo foi reforçar a capacitação das equipes e avaliar sistemas, bem como aprimorar os protocolos de segurança sanitária. Enfim, um ensaio geral, de forma que se pudesse vivenciar a condução de um evento desse porte. O Censo é uma operação baseada em apoios complementares junto a governos (municipais, estaduais e federal). Conta ainda com parcerias de setores privados. Os processos envolvem planejamentos estratégicos com etapas minuciosamente desenhadas. Ele começa anos antes da parte mais conhecida, que é a coleta, aquela em que os recenseadores visitam as moradias.
Um dos pontos fortes este ano é a possibilidade de respostas também por telefone ou Internet. Haverá supervisão dos trabalhos por meio de milhares de equipamentos próprios. Mesmo assim, os recenseadores terão que ir a todos as casas para capturar, também pela primeira vez na história, as coordenadas geográficas domiciliares e ali, junto ao morador, decidir a forma de coleta a ser aplicada. Serão registrados dados de GPS de todos os endereços. Nos testes, nas 27 unidades, essa operação de captura foi um sucesso em quase 100% dos domicílios.
O Censo é a única fonte de referência sobre a situação da população nos distritos, bairros e localidades rurais ou urbanas. Ele deve contar os habitantes, identificar suas características, revelar como vivem os brasileiros e produzir informações para definição de políticas públicas e tomada de decisões de investimentos privados. Brasileiros natos, naturalizados ou estrangeiros residindo no Brasil, serão alcançados para fornecer dados capazes de retratar necessidades e prioridades em termos de saúde, educação, trabalho, segurança… ou seja, hospitais, escolas, delegacias, acesso a serviços essenciais, como luz, água, esgoto, saneamento básico e outros direitos.
O Censo visitará todos os cenários do país, pintando uma aquarela que incluirá os rios da Amazônia; os coqueirais e o sertão do Nordeste; o pantanal do Centro-Oeste; as grandes metrópoles do Sudeste; as araucárias e os pampas da Região Sul. Recenseadores utilizarão barcos, voadeiras, carros, carroças, motocicletas, bicicletas, avião e até lombo de animais. Serão entrevistados ricos, pobres e remediados; índios, sertanejos, pantaneiros e moradores de zonas rurais, áreas quilombolas ou regiões ribeirinhas. Somente uma pesquisa tão abrangente permite retratar um país de tamanha diversidade como o Brasil.
Concedidas exclusivamente para fins estatísticos, as informações são confidenciais, têm sigilo protegido por lei. Os resultados embasarão estudos e indicadores nos nossos bairros. O Censo é nosso. O Censo é do Brasil. O Censo ajuda o Brasil a enxergar toda a sua população. Quantos somos, onde estamos e como vivemos. Responder ao Censo é um ato de cidadania. Conhecer o presente é fundamental para planejar o futuro.
Nós convidamos toda a sociedade a abrir a porta porque o Censo importa. Recebam os recenseadores. Falem conosco: ibge@ibge.gov.br e 0800-721-8181.
Eduardo Rios Neto, presidente do IBGE, e Cimar Azeredo, diretor de Pesquisas do IBGE