Por que tanta pressa? Essa pergunta surge para nós uma vez que nós estamos num mundo que corre. Estamos atirados de um lado para outro em meio ao turbilhão de correria que caracteriza a sociedade do nosso tempo. Ao falarmos de pressa nós lembramos a célebre frase: tempo é dinheiro. E parece que esta frase faz com que a humanidade viva uma patologia, ou uma doença. E essa doença tem nome, é a pressa. Quem nunca se viu apressado nesse mundo? Já de manhã cedo nós acordamos com os despertadores, com as suas melodias, que nos acordam abruptamente e nos fazem iniciar o ritmo do dia. Tomamos nosso café das manhãs às pressas, se pegamos transporte público, ônibus ou metrô, é um engarrafamento, atrasa o horário e nos tira o equilíbrio, a serenidade e a paz, afinal, estamos com pressa. Almoçamos de olho nos ponteiros do relógio, engolimos a comida de supetão, nem sempre mastigamos direito, tudo porque o dever chama a nossa atenção. Andamos num ritmo frenético, pelas calçadas, sempre olhando para o relógio, estamos com pressa, não podemos atrasar.
O fruto disso tudo é uma alma fragmentada. Aquela sensação ruim de que somos incompletos, insuficientes… E acabamos por mergulhar num poço profundo de frustração e apatia. Temos a impressão que mesmo com todo o nosso corre-corre, nunca há tempo suficiente para fazermos tudo o que temos de fazer no dia. A pressa também nos conduz à superficialidade nos relacionamentos interpessoais, encontramos muita gente, mas com poucas pessoas criamos vínculo. Já que temos pouco tempo em decorrência de nossas agendas lotadas, acabamos tendo poucas amizades reais e muitas virtuais. Nos relacionamos com os nossos monitores de computador, em vez de um amigo, um parente, preferimos as redes sociais, o bate-papo.
Outro malefício dessa pressa é que nós vivemos distraídos, vivemos num planeta cheio de riquezas e detalhes abundantes, mas não apreciamos todas essas belezas. A natureza é uma verdadeira poesia dada pelo coração amoroso de Deus, estamos cercados de glória e bondade, no entanto andamos apressados que não mais paramos para contemplar as belezas de toda a criação, os pequenos milagres do cotidiano. Caro leitor, o que Deus deseja é que nós vivamos bem e para isso precisamos ter tempo para nós, para os outros e para Deus. Será que é preciso viver com toda essa pressa? Pense nisso.
Padre Ezequiel Dal Pozzo