A beleza de uma cidade como São Paulo é a certeza de que ela sempre vai guardar algumas surpresas. Pode ser uma novidade que acabou de brotar em uma esquina qualquer ou, acreditem, algo que quase sempre esteve entre nós e em que nunca prestamos muita atenção. Vocês sabiam, por exemplo, que perto do Parque do Ibirapuera se esconde o maior cafezal urbano do mundo? Ou que, nos galpões da Vila Leopoldina, existe a maior fazenda vertical da América Latina?
Vamos começar nosso passeio pelo cafezal. Trata-se da lavoura do Instituto Biológico (IB), centro de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, localizado na Vila Mariana. São 10 mil metros quadrados de plantação, com aproximadamente 2 mil pés de café – que atualmente são responsáveis pela produção de 600 quilos de café arábica (catuaí vermelho e amarelo) por safra.
O cafezal está no Instituto Biológico desde os anos 1950. A plantação foi criada com o objetivo de aprimorar as pesquisas científicas na área, desenvolver técnicas de plantio e colaborar no combate de pragas. “A própria criação do Instituto Biológico (fundado em dezembro de 1927) está ligada ao café, especificamente aos estudos do combate à broca, uma praga que atingiu as fazendas paulistas na década de 1920. Hoje, o cafezal serve prioritariamente a propósitos educacionais”, contou a engenheira agrônoma e responsável técnica pelo cafezal Harumi Hojo.
Harumi é uma apaixonada por café. Ela também é do time que não começa o dia sem uma boa xícara e fala brincando em “um litro por dia”. Foi Harumi quem nos guiou pelo cafezal. Por lá, observamos um pouco da colheita e aprendemos sobre os processos de despolpa (retirada da casca dos frutos) e a secagem do café pelo método de “terreiro suspenso” (em que a secagem ocorre em até 20 dias com a ação do sol).
Em breve, parte dos pés de café do Instituto Biológico será substituída – o que deve resultar em um aumento de produção (cerca de 1 tonelada por safra). Essa será apenas uma das consequências da parceria da Lavoura do Instituto com a Nescafé. Entre as ações do projeto, serão realizados tratos culturais e manejo de pragas e doenças dentro do modelo sustentável de produção, além da instalação de colmeias de abelhas sem ferrão, com fins regenerativos.
Para a gerente de sustentabilidade da Nescafé, Taissara Martins, o projeto do cafezal urbano está alinhado com a postura da própria empresa, que passa pelo apoio à agricultura sustentável e regenerativa. “Aqui, vamos aplicar o conhecimento adquirido com práticas agrícolas de baixa emissão de carbono”, disse. As ações dessa parceria também resultam na criação do Centro de Cafeicultura do Futuro – um laboratório a céu aberto que vai abraçar todo o processo, do grão até a xícara.
Além do café, é possível encontrar no instituto exemplares de cana-de-açúcar, pau-brasil e seringueiras. É fácil esquecer que o cafezal está rodeado por prédios e por todo o contexto de uma cidade como São Paulo (barulho, poluição, etc.). O cafezal é aquilo que se convencionou, com o perdão do clichê, chamar de oásis no meio de tanto concreto. Quem quiser conhecer o lugar precisa agendar a visita pelo e-mail planetainseto@biologico.sp.gov.br. Uma boa dica para ver o cafezal de cima é observá-lo da cobertura do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP), onde ficam o Bar Obelisco e o Vista Restaurante.
Luz rosa
Mas vamos sair da Vila Mariana e partir para outro canto da cidade, mais especificamente para a Vila Leopoldina, também na zona sul. A Rua Silva Airosa, honestamente, não está entre as mais bonitas de São Paulo. Perto da Marginal do Tietê, ela é ocupada, majoritariamente, por grandes galpões industriais. Tudo muito cinza ou pálido.
Mas em um desses galpões se esconde uma potente luz rosa – e, graças a ela, aquela que é considerada a maior fazenda vertical urbana da América Latina, a Pink Farms.
Entrar no galpão de 600 metros quadrados é embarcar em uma viagem futurista. Em uma sala hermeticamente fechada e banhada por uma luz rosa (de LED), encontramos uma produção de verduras, como alface, rúcula, acelga e outras. Detalhe: essa “plantação” está empilhada em uma torre de oito andares, com cerca de 7 metros de altura (são duas torres, mas apenas uma está em atividade no momento).
Com o ambiente totalmente controlado, a reportagem vestiu um equipamento apropriado para entrar na sala de “plantação” (avental, touca e proteção para os sapatos). A luz rosa domina a sala e mexe com a nossa percepção visual. “A luz rosa faz o papel da luz solar. Ela é mais eficiente na ativação da clorofila, que promove a realização da fotossíntese”, explicou um dos sócios da Pink Farms, Mateus Pereira Delalibera, de 32 anos (o irmão gêmeo Rafael Pereira Delalibera e Geraldo Maia, de 30 anos, também são sócios na empreitada).
Além da luz rosa, a técnica aplicada na fazenda vertical é a hidroponia, uma cultura sem solo em que os alimentos crescem com as raízes na água (o que permite o controle rígido de nutrientes e um cultivo livre de agrotóxicos). Em números, essa modalidade de cultivo permite uma redução de 95% no consumo de água e capacidade de plantio 100 vezes maior se comparada à dos métodos tradicionais. “Outra coisa importante é que, no nosso caso, a produção está próxima do local de consumo. O que garante a qualidade e o frescor do alimento”, comentou Delalibera.
Hoje, as hortaliças da Pink Farms podem ser encontradas em muitas lojas, supermercados e hortifrútis, como a Natural da Terra, Carrefour, Pomar da Vila, Quitanda, Zaffari, Sacolão Imigrantes e outros. Eles também atendem restaurantes como Zucco, Green Kitchen, Casa Raw e outros. Além disso, a Pink Farms tem um clube de assinaturas para o consumidor final.
A Pink Farms está em funcionamento desde 2017 e teve início em um espaço muito menor, em Jundiaí. Já estão na mesa planos de expansão para outras cidades. As visitas ao galpão já foram mais constantes (foram interrompidas pela pandemia), mas os interessados em conhecer o lugar podem entrar em contato pelo site www.pinkfarms.com.br.
Vamos começar nosso passeio pelo cafezal. Trata-se da lavoura do Instituto Biológico (IB), centro de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, localizado na Vila Mariana. São 10 mil metros quadrados de plantação, com aproximadamente 2 mil pés de café – que atualmente são responsáveis pela produção de 600 quilos de café arábica (catuaí vermelho e amarelo) por safra.
O cafezal está no Instituto Biológico desde os anos 1950. A plantação foi criada com o objetivo de aprimorar as pesquisas científicas na área, desenvolver técnicas de plantio e colaborar no combate de pragas. “A própria criação do Instituto Biológico (fundado em dezembro de 1927) está ligada ao café, especificamente aos estudos do combate à broca, uma praga que atingiu as fazendas paulistas na década de 1920. Hoje, o cafezal serve prioritariamente a propósitos educacionais”, contou a engenheira agrônoma e responsável técnica pelo cafezal Harumi Hojo.
Harumi é uma apaixonada por café. Ela também é do time que não começa o dia sem uma boa xícara e fala brincando em “um litro por dia”. Foi Harumi quem nos guiou pelo cafezal. Por lá, observamos um pouco da colheita e aprendemos sobre os processos de despolpa (retirada da casca dos frutos) e a secagem do café pelo método de “terreiro suspenso” (em que a secagem ocorre em até 20 dias com a ação do sol).
Em breve, parte dos pés de café do Instituto Biológico será substituída – o que deve resultar em um aumento de produção (cerca de 1 tonelada por safra). Essa será apenas uma das consequências da parceria da Lavoura do Instituto com a Nescafé. Entre as ações do projeto, serão realizados tratos culturais e manejo de pragas e doenças dentro do modelo sustentável de produção, além da instalação de colmeias de abelhas sem ferrão, com fins regenerativos.
Para a gerente de sustentabilidade da Nescafé, Taissara Martins, o projeto do cafezal urbano está alinhado com a postura da própria empresa, que passa pelo apoio à agricultura sustentável e regenerativa. “Aqui, vamos aplicar o conhecimento adquirido com práticas agrícolas de baixa emissão de carbono”, disse. As ações dessa parceria também resultam na criação do Centro de Cafeicultura do Futuro – um laboratório a céu aberto que vai abraçar todo o processo, do grão até a xícara.
Além do café, é possível encontrar no instituto exemplares de cana-de-açúcar, pau-brasil e seringueiras. É fácil esquecer que o cafezal está rodeado por prédios e por todo o contexto de uma cidade como São Paulo (barulho, poluição, etc.). O cafezal é aquilo que se convencionou, com o perdão do clichê, chamar de oásis no meio de tanto concreto. Quem quiser conhecer o lugar precisa agendar a visita pelo e-mail planetainseto@biologico.sp.gov.br. Uma boa dica para ver o cafezal de cima é observá-lo da cobertura do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC-USP), onde ficam o Bar Obelisco e o Vista Restaurante.
Luz rosa
Mas vamos sair da Vila Mariana e partir para outro canto da cidade, mais especificamente para a Vila Leopoldina, também na zona sul. A Rua Silva Airosa, honestamente, não está entre as mais bonitas de São Paulo. Perto da Marginal do Tietê, ela é ocupada, majoritariamente, por grandes galpões industriais. Tudo muito cinza ou pálido.
Mas em um desses galpões se esconde uma potente luz rosa – e, graças a ela, aquela que é considerada a maior fazenda vertical urbana da América Latina, a Pink Farms.
Entrar no galpão de 600 metros quadrados é embarcar em uma viagem futurista. Em uma sala hermeticamente fechada e banhada por uma luz rosa (de LED), encontramos uma produção de verduras, como alface, rúcula, acelga e outras. Detalhe: essa “plantação” está empilhada em uma torre de oito andares, com cerca de 7 metros de altura (são duas torres, mas apenas uma está em atividade no momento).
Com o ambiente totalmente controlado, a reportagem vestiu um equipamento apropriado para entrar na sala de “plantação” (avental, touca e proteção para os sapatos). A luz rosa domina a sala e mexe com a nossa percepção visual. “A luz rosa faz o papel da luz solar. Ela é mais eficiente na ativação da clorofila, que promove a realização da fotossíntese”, explicou um dos sócios da Pink Farms, Mateus Pereira Delalibera, de 32 anos (o irmão gêmeo Rafael Pereira Delalibera e Geraldo Maia, de 30 anos, também são sócios na empreitada).
Além da luz rosa, a técnica aplicada na fazenda vertical é a hidroponia, uma cultura sem solo em que os alimentos crescem com as raízes na água (o que permite o controle rígido de nutrientes e um cultivo livre de agrotóxicos). Em números, essa modalidade de cultivo permite uma redução de 95% no consumo de água e capacidade de plantio 100 vezes maior se comparada à dos métodos tradicionais. “Outra coisa importante é que, no nosso caso, a produção está próxima do local de consumo. O que garante a qualidade e o frescor do alimento”, comentou Delalibera.
Hoje, as hortaliças da Pink Farms podem ser encontradas em muitas lojas, supermercados e hortifrútis, como a Natural da Terra, Carrefour, Pomar da Vila, Quitanda, Zaffari, Sacolão Imigrantes e outros. Eles também atendem restaurantes como Zucco, Green Kitchen, Casa Raw e outros. Além disso, a Pink Farms tem um clube de assinaturas para o consumidor final.
A Pink Farms está em funcionamento desde 2017 e teve início em um espaço muito menor, em Jundiaí. Já estão na mesa planos de expansão para outras cidades. As visitas ao galpão já foram mais constantes (foram interrompidas pela pandemia), mas os interessados em conhecer o lugar podem entrar em contato pelo site www.pinkfarms.com.br.
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