Mais uma vez, em nossa peregrinação, nos encaminhamos com os pastores e com os magos para Belém, a fim de contemplarmos os mistérios desse lugar. Antes de tudo, nos inclinamos diante do Mistério dos mistérios: O Menino Jesus na manjedoura de Belém. Nas profecias messiânicas, o profeta Isaías diz com voz forte: “Porque nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado. Ele tem a soberania sobre seus ombros e será chamado: “Conselheiro admirável, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz” (Is 9,5). Os cristãos aplicaram o texto a Jesus Cristo. O amor de entranhas do Senhor cumprirá essa promessa do profeta. Sim, na manjedoura de Belém hospedou-se um casal, José e Maria. Aí ela deu “à luz um filho”. O Messias nasce como qualquer homem. Deus se encarnou na humanidade. Por isso, Ele é o “Emanuel” – “Deus entre os seus”.
O evangelista Lucas cede sua voz profética ao Anjo: “Não temais, pois vos anuncio uma grande alegria, que é para todo o povo: Nasceu-vos hoje, na cidade de Davi, um Salvador, que é Cristo Senhor. Este será o sinal: encontrareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2,10-12). O conteúdo central do Anjo não poderia ser outro: “Nasceu-nos um menino”. Isso é Natal. Além disso, quase tudo se torna secundário. Algumas expressões deste fato, e ao mesmo tempo, deste mistério que deveria nos inundar nesta noite do dia 24 de dezembro: Glória luminosa, esplendor, alegria e paz pelo nascimento de um salvador. Deus nos surpreendeu e nos preencheu. Não temos dúvidas de suas promessas. O Verbo/Palavra se fez carne e veio habitar em nossa humanidade. Mesmo que esse fato tenha acontecido entre os animais, às margens da cidade e do conforto necessário às parturientes em serviço de parto.
O Natal é a festa da Alegria
Sim, porque é a celebração de uma nova vida. Retomemos o anúncio do Anjo: Não temais, eis que vos anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo” (Lc 2,10). Um detalhe. A temática da alegria permeia de modo particular a obra de São Lucas, o maior utilizador desse vocabulário. Podemos afirmar que uma atmosfera de alegria e contentamento se estende por todas as páginas do terceiro evangelho. O texto acima indicado exprime uma alegria particular ao evangelista e a todos os cristãos: a exultação por aquele que visita e redime o seu povo se cumpre com o nascimento do Salvador, o Cristo Senhor. Na Carta de São Paulo aos Gálatas encontramos o catálogo das virtudes e as três primeiras virtudes são o amor, alegria e a paz, como fruto do Espírito Santo (cf. Gl 5,22).
Cada dia, perder a alegria de viver é um grande perigo que nos desafia continuamente! Com muita frequência somos atingidos pelas manifestações dos poderes das trevas e da escuridão que nos tentam roubar a alegria. A destruição e a morte, que submergem no mundo onde nasceu o “Príncipe da Paz”, ou seja, a guerra mortífera e os indizíveis sofrimentos por ela causados, no Oriente, e outras guerras em curso, a crise climática, a fome, as injustiças cometidas em todos os quadrantes do planeta, são somente exemplos de tais sombras e morte. Qualquer expressão de alegria e de esperança parece ser supérflua e pouco realística em tais situações.
Contudo, estes são os momentos em que somos chamados a viver intensamente o mistério da encarnação: “Emanuel, Deus conosco” (Mt 1,23). Ele é a fonte da nossa alegria e a razão da nossa esperança. É neste contexto que temos necessidade de escutar o Papa Francisco: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento. Com Jesus Cristo, renasce sem cessar a alegria”.
Que o nascimento do Menino Jesus seja para os cristãos da Diocese de Palmas-Francisco Beltrão e para toda a humanidade uma experiência de renovada esperança no infalível amor de Deus!
Feliz e Santo Natal!
Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão
Comentários estão fechados.