“Pois bem, nós acreditamos que a joia que é a Copa do Mundo deve seu valor a sua pouca frequência. Organizá-la a cada dois anos vai diminuir sua legitimidade e vai infelizmente diluir a própria Copa do Mundo”, argumentou Ceferin, nesta segunda-feira, na abertura da assembleia geral da Associação Europeia de Clubes (ECA). Ele também acrescentou que o calendário de jogos internacionais não precisa dessa novidade e que os jogadores precisam das férias para se recuperar e manter o bom futebol.
Na última semana, em entrevista ao jornal francês L’Équipe, Arsène Wenger, ex-técnico do Arsenal, explicou a ideia de encurtar as distâncias entre as Copas e disse que pretende priorizar a clareza e simplicidade das competições em sua função como chefe de Desenvolvimento Global da Fifa.
“Pretende-se continuar melhorando a qualidade do futebol, melhorando a periodicidade das competições, ao mesmo tempo que se aperfeiçoa as regras do jogo. Quero melhorar a frequência das competições, me baseando na simplicidade, na clareza do calendário e na vontade de organizar apenas competições que tenham um significado real e que sejam aquelas que permitem melhorar o nível do futebol”, disse Wenger.
O calendário anual da Fifa já está definido até 2024, prevendo a realização da Copa no Catar (2022) e os campeonatos continentais, como a Copa América (no Equador) e a Eurocopa (na Alemanha) dois anos mais tarde. Após esse período, há a possibilidade de implementação de novidades. Outra sugestão oferece menos resistência dos clubes: trata-se de limitar as Datas Fifa a três ao longo do ano, com os jogadores cedidos às suas seleções por um período mais alongado.
Atualmente, as equipes nacionais têm previstos um mínimo de dez jogos por ano/temporada. Esse número seria mantido, sem causar prejuízo à realização de amistosos e jogos de Eliminatórias. Em contrapartida, os clubes se colocam contrários à redução da periodicidade dos Mundiais e torneios continentais, uma vez que sua celebração exige um espaço de 30 dias no calendário e atrapalha o planejamento das temporadas e as férias dos jogadores.
A realização das Copas a cada dois anos não atende apenas a critérios técnicos, o lado político também está em campo. A mudança do número de seleções classificadas para a Copa de 32 para 48 seleções a partir de 2026 faz parte desse pacote. Agora, o objetivo é atender o interesse dos países que desejam sediar o Mundial. O torneio de 2030 é um dos principais, pois comemora 100 anos do primeiro Mundial. Uma candidatura conjunta sul-americana (com Argentina, Uruguai, Paraguai e Chile) e o interesse do Reino Unido (incluindo Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte) em sediar a Copa poderiam ser alocados em 2028 ou 2030 sem causar maiores prejuízos.
Quem também está de olho nos próximos campeonatos é a Confederação Africana de Futebol, que pretende ser anfitriã pela segunda vez – a primeira foi na África do Sul, em 2010. A China também é potencial candidata e não quer demorar muito para se colocar no tabuleiro. A expectativa é que a ideia exposta por Wenger seja acolhida em sua maioria por confederações da Ásia e da África e tenha muita resistência na Europa e América do Sul.
SUPERLIGA – Outro tópico presente na reunião da Associação Europeia de Clubes (ECA) foi a frustrada Superliga. O ano de 2024 é chave para o mundo do futebol. Nele, a Uefa também pretende realizar mudanças na organização da Liga dos Campeões, buscando atender os interesses dos clubes sem precisar conviver com novas insurgências.
Aleksander Ceferin qualificou a tentativa de alguns dos principais clubes do continente de fundar uma nova liga como uma ‘farsa’ e disse esperar que as relações com as equipes voltem ao normal nos próximos meses.
“Nada foi normal e como o esperado em 2020 e 2021. Queremos voltar ao normal. Para isso devemos estar unidos diante desse infortúnio farsante chamado Superliga. Esperemos que tenha sido apenas um episódio isolado”, declarou o esloveno.
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