“Agradeço muito seus bons votos”, disse López Obrador em sua entrevista coletiva diária quando questionado sobre as declarações de Miguel Ángel Félix Gallardo, apelidado de “Chefe dos chefes” e considerado o criador do Cartel de Guadalajara, a primeira grande organização do narcotráfico mexicano.
O condenado, preso desde 1989 pelo assassinato de Enrique Camarena, um agente antidrogas americano, disse em uma entrevista que López Obrador está resolvendo a violência que atinge o país latino-americano. “A violência é consequência do desemprego, da desigualdade social, que o sr. López Obrador vai resolvendo aos poucos. É preciso dar tempo a ele”, disse Félix em entrevista ao canal Telemundo, na qual insistiu na sua inocência.
Na entrevista, a primeira que concedeu em 32 anos de prisão, Félix Gallardo apareceu com a saúde visivelmente deteriorada, sentado em uma cadeira de rodas, completamente cego de um olho e surdo de um ouvido, e às vezes amparado por um cilindro de oxigênio .
López Obrador acrescentou que a procuradoria-geral da República analisará se Félix pode ser beneficiário de um decreto que seu governo prepara para a libertação de presos torturados ou com mais de 65 anos com doenças crônicas, após diagnóstico do Ministério da Saúde.
O projeto também concederia prisão domiciliar a presidiários a partir dos 75 anos, desde que não sejam condenados por casos graves. “Não quero que ninguém sofra, não quero que ninguém fique preso, sou um humanista, sou formado na escola da não-violência, mas tenho de fazer cumprir as leis”, disse López Obrador.
Félix, de 76 anos, está encarcerado em um presídio de segurança máxima no Estado de Jalisco e foi uma figura-chave na expansão do narcotráfico mexicano. Nos anos 80, sua organização, que até o momento se dedicava ao tráfico de maconha e ópio, foi uma das primeiras a estabelecer contatos com traficantes colombianos para transportar cocaína do país sul-americano aos EUA.
O México sofre uma onda de violência ligada ao tráfico de drogas que causou mais de 300 mil assassinatos desde dezembro de 2006, quando o governo federal lançou uma polêmica operação de combate ao crime organizado, segundo dados oficiais. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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