Primeiro caso de Chikungunya do Paraná é confirmado em Pato Branco

Laudo que confirmou o diagnóstico da paciente foi emitido pelo Laboratório Central do Estado, o Lacen. Município já estabeleceu as medidas de enfrentamento

Marcilei Rossi com assessoria

Uma mulher de 35 anos, sem comorbidades, residente na área central de Pato Branco, é a primeira paciente diagnosticada e confirmada por laudo do Laboratório Central do Estado (Lacen) como o primeiro caso autóctone (contaminação no próprio município) de Chikungunya diagnosticado no Paraná. A informação foi repassada pela Vigilância em Saúde, braço da Secretaria de Saúde de Pato Branco na tarde dessa quarta-feira (1º), após o parecer do segundo exame coletado da paciente.

Ainda de acordo com a Vigilância em Saúde, a paciente, que buscou atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em 23 de janeiro, teve como sintomas iniciais dores nas articulações, mal-estar e lesões na pele (coceira e vermelhidão), segue sendo acompanhada pela Equipe de Atenção Primária. Já está fora do período de incubação do vírus (um a 12 dias) e de risco, mantendo sua rotina normal. 

Também de acordo com a Vigilância, a transmissão ocorre no período de dois dias antes do início dos sintomas até o décimo dia.

Plano de contingência

Com uma quantidade considerável de casos da doença sendo diagnosticados no Paraguai, o sentido é de alerta na região de fronteira do Brasil, e não distante em Pato Branco.

“Sabemos que o fluxo de pato-branquenses naquela região [de fronteira] é grande e recorrente, por isso é preciso atentar e reforçar os cuidados já conhecidos como uso de repelente. Ao apresentar qualquer sintoma, a orientação é que se busque o atendimento”, explica o Diretor da Vigilância em Saúde, Rodrigo Bertol.

Ele também afirmou que desde o primeiro resultado de exame, que foi confirmado na tarde de ontem, uma série de medidas foram tomadas tanto na vizinhança da paciente, bem como seu local de trabalho, em Itapejara D´Oeste. Assim como a paciente, seus familiares estão sendo monitorados para evitar a propagação da doença. 

Conforme a equipe de Saúde de Pato Branco, todas as medidas adotadas levam conta o plano de contingência já elaborado, que integra busca ativa, e maiores cuidados em relação à sintomatologia durante os atendimentos nas unidades de saúde. Além, da delimitação de foco (bloqueio), de controle e análise por meio dos agentes de que estão em alerta na eliminação de possíveis criadouros.

Ainda segundo a equipe, todas essas medidas foram adotadas, sem haver a confirmação do local de ocorrência (contaminação) da doença pelo fato da paciente estar em trânsito diariamente.

A estratégia busca enfatizar as medidas preventivas e preparo para atendimento à população no caso de aumento de diagnósticos.

 “É essencial que as pessoas se conscientizem e busquem eliminar os possíveis criadouros do mosquito Aedes aegypti, vetor responsável pelas doenças Dengue, Chikungunya e Zika vírus. Buscar o suporte dos profissionais de saúde também é fundamental para afastar ou confirmar a patologia e buscar tratamento”, reforça a Secretaria de Saúde, Lilian Brandalise.

Lilian também buscou tranquilizar a população no que se refere a proliferação, ao afirmar que o setor de Saúde está monitorando e em alerta, contudo, mais uma vez a secretária chamou a população a cooperar para que novos casos não ocorram. “Pedimos para que a população faça a sua parte. Cuide, não deixe de cuidar de suas casas e terrenos, eliminando assim o criadouro. E qualquer coisa, entrar em contato com a Vigilância, ou mesmo na UPA.”

Enfrentamento

Após a realização do grande mutirão de coleta de resíduos realizada no ano epidemiológico 2021/2022, e com a confirmação dos primeiros casos de Chikungunya em Pato Branco e de Dengue no ano, a Vigilância em Saúde e a Secretaria de Meio Ambiente passam a organizar novo mutirão.

Inicialmente ele está programado para os próximos dias, na área próxima à residência da paciente, a fim de evitar mais contágios. Para tanto, os agentes também estarão circulando para orientação dos moradores na retirada de entulhos e destinação correta de resíduos.

Chikungunya

A Chikungunya é uma virose e apresenta sintomas semelhantes à Dengue, diferindo em relação à evolução, podendo se tornar uma doença crônica em cerca de 50% dos pacientes. As dores articulares, que se apresentam de forma mais grave que nos casos de Dengue podem persistir, gerando sequelas e outras complicações posteriores.

Os principais sintomas são: febre alta de início súbito, dores articulares, podendo apresentar cefaleia, prurido e lesões pelo corpo por cerca de sete dias.

O médico coordenador da Estratégia Saúde da Família (ESF), Rodolfo Engelberd afirma que o período da encubação (picada do inseto até o início dos sintomas) varia de um a 12 dias.

Segundo ele, muitos pacientes deixam de apresentar os principais sintomas já no sétimo dia, contudo, existem casos de persistência por mais tempo das dores articulares.

O médico alerta ainda que os grupos de maiores riscos são crianças abaixo de dois anos; idosos, principalmente com outras doenças; gestantes e pessoas com comorbidades.

No caso das gestantes, Engelberd explica que diferentemente da Zika vírus, que existe a transmissão vertical (de mãe para o feto), essa transmissão não se aplica na Chikungunya, porém, é necessária atenção especial com as gestantes.

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