Durante a apresentação do balanço do mês passado, o presidente da Abraciclo, Marcos Fermanian, disse que, embora a demanda por motos siga em alta pela expansão dos serviços de entrega (delivery) e busca por transporte individual na pandemia, os protocolos de segurança adotados pelas fábricas para evitar a contaminação impedem o aumento de produção, gerando descompasso entre consumo e oferta.
“Ainda não conseguimos alcançar o equilíbrio. Temos capacidade instalada, o problema é aumentar a produção sem aglomerar dentro da fábrica”, comentou o executivo.
As montadoras vinham tentando recompor rapidamente os estoques de motocicletas, mas, informou nesta quinta Fermanian, alguns modelos, principalmente de baixa cilindrada, seguem em falta em função da limitação de produção. A lista de espera nas revendas é estimada em algo ao redor de 100 mil motos, ou seja, o equivalente a praticamente um mês de produção.
De acordo com o executivo, a produção tem sido comprometida mais pela necessidade de manter o distanciamento nas fábricas, o que leva a menos operários trabalhando simultaneamente, do que pelo problema de abastecimento de insumos, embora a Yamaha, segunda maior montadora de motos, tenha paralisado linhas por dez dias no início de maio em função da irregularidade no fornecimento de peças.
Há também pressão de custo em razão do aumento dos preços dos insumos e dólar caro, o que já provocou reajustes de 9% a 10% no preço das motos desde o início do ano.
Na comparação com maio do ano passado, quando a chegada da pandemia paralisou as fábricas, a produção do mês passado foi sete vezes maior (alta de 600,9%). No acumulado de janeiro a maio, a alta foi de 47,5%, chegando a 463,4 mil unidades montadas, frente aos cinco primeiros meses de 2020.
A previsão da Abraciclo é de produção de 1,06 milhão de motos até o fim do ano. Porém, Fermanian pontuou que um volume ao redor de 1,5 milhão de motos seria viável, mesmo com os atuais protocolos de segurança, se houvesse maior previsibilidade para contratações de mão de obra.
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