*Com AEN
As formas de se buscar a excelência de qualidade do queijo paranaense, desde a produção do leite até o consumidor final, particularmente no Sudoeste, foram discutidas nessa quarta-feira (9), em Pato Branco, durante o Inova Queijo. Reunindo aproximadamente 350 produtores de leite e queijeiros da agricultura familiar, o encontro idealizado pelo Sebrae, teve apoio do Governo do Estado, do Município de Pato Branco e da Associação
dos Produtores de Queijo Artesanal do Sudoeste do Paraná (Aprosud).
“O nosso queijo está sendo mostrado e premiado em concursos locais, regionais, estaduais, nacionais e internacionais. Isso mostra que a gente já evoluiu bastante, mas dá para inovar muito ainda”, afirmou o secretário de Estado da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara.
Segundo ele, o maior esforço é para colocar o leite paranaense e os subprodutos da cadeia no mercado mundial. “Não é fácil brigar com países como a Nova Zelândia, mas tem espaço”, assegurou. “Precisamos de um esforço continuado de produzir com qualidade e de ter boas práticas, desde a origem até a entrega ao consumidor final”.
Ortigara reforçou que a palavra do momento é sustentabilidade. “É preciso trabalhar seriamente, todos unidos, para auxiliar na evolução dos agricultores”, disse. “Temos de fazer as coisas bem-feitas para obter resultado para nós mesmos, pois se não tomarmos cuidado o mundo não aceita nossos produtos”.
“O Sudoeste tem sido um exemplo no esforço de qualificação da agricultura. Hoje, o Sudoeste hoje é a maior bacia leiteira do estado, que é o segundo maior produtor de leite do país, apesar do tamanho limitante da área”, destacou o presidente do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná-Iapar-Emater (IDR-PR), Natalino Avance de Souza, ao completar que a região vem agregando valor ao transformar o leite me queijo. “Nossa instituição está empenhada numa rede de parceiros que tem provado aos agricultores e ao Brasil que podemos produzir queijo de qualidade sim, como Minas [Gerais] produz e outros estados.”
Ainda de acordo com Natalino neste momento a preocupação está na criação de condições sanitárias adequadas. “Estamos preocupados discutir com os municípios a estruturação dos seus serviços municipais para que aquilo que se produz aqui tenha qualidade e certificação.”
Sem deixar a tecnologia de lado, o presidente do IDR-PR, citou uma plataforma criada pela iniciativa privada na região Sudoeste, a Arte do Campo, pela qual é possível comprar o produto de algumas queijarias familiares da região com entrega pelos Correios. “Isso é um avanço”, exaltou. “O trabalho que é feito aqui no Sudoeste é referência e, se já praticamos a melhor agricultura do País, podemos ampliar”.
Estímulo a cadeia do leite
O gerente da Regional Sul do Sebrae/PR, Cesar Colini destaca que o intuído da instituição é estimular as várias cadeias produtivas presentes na região, dentre elas a do leite, para assim desenvolver a produção de queijos coloniais.
“Muitas pessoas acham que inovar é só tecnologia, ou só pesquisa cientifica, mas a inovação é tecnologia, pesquisa cientifica, e acima de tudo é fazer algo novo, produzir de maneira diferente, é ter um produto inovador, que você produza com menor custo, ter mais lucratividade”, pontuou Colini avaliando que a produção de queijos propicia um grande leque de oportunidades no agronegócio.
Colini também revelou a intenção do Sebrae de ao trabalhar com o queijo colonial do Sudoeste buscar a Indicação Geográfica (IG), como já ocorre com o melado de Capanema e mais recentemente com os vinhos de Bituruna.
Para que este projeto se concretize, o Sebrae vem trabalhando com produtores a gestão, as boas práticas de fabricação, para em seguida, muito provavelmente me 2023, debater os passos necessários para esta certificação do INPI.
Foto: Albari Rosa/AEN
Redescobrindo uma tradição
Somente na região de Pato Branco há aproximadamente 100 queijarias artesanais. Dessas, 18 fazem parte da Aprosud, criada há três anos.
“Hoje é um dia que nos enche de orgulho por saber que estamos fazendo parte de uma bonita história do Sudoeste”, disse o presidente da entidade, Claudemir Ross. “Temos característica de agricultura familiar e buscamos fazer com que nossos filhos fiquem no campo. Com o que está sendo construído podemos sonhar com a sucessão familiar”.
“Estamos diante de um desafio, temos por objetivo transformar o Sudoeste em um polo de produção de queijos artesanais e já estamos vivenciando isso, o Brasil está buscando conhecer a nossa região”, comemora Ross ao destacar que além do conhecimento para os produtores, é importante que sejam regulamentas políticas públicas, que permitam a expansão da comercialização dos produtos.
Integrante da comissão de Agricultura e Meio Ambiente da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (Amsop), o prefeito de São João, Clóvis Cucolotto destacou a quantidade de agroindústrias do Sudoeste. “Somos [Sudoeste] os maiores produtores de leito do Paraná, temos uma cadeia propulsiva com o queijo, o que está faltando é dar um pouco de assistência aos produtores, dar linhas de crédito para que esse produtor consiga desenvolver sua atividade, gerar renda, ter valor agregado”.
Para Cucolotto o leque de oportunidades existente na cadeia produtiva do leite possibilita o incentivo ao pequeno produtor a permanecer no campo. “O filho do agricultor pode ficar no campo através da transformação do queijo, do iogurte, da nata. Para isso temos que criar mecanismos que estimulem esta permanência”, avalia o prefeito ao lembra que ainda em 2011 iniciou-se um movimento regional para o melhoramento do leite produzido no Sudoeste.
Vanessa Zanon, secretária de Agricultura de Pato Branco assim como Cucolotto faz a ressalva de que muitos jovens estão deixando as propriedades rurais para buscar novas fontes de renda no meio urbano.
Para se ter uma ideia, no passado, Pato Branco chegou a ter aproximadamente 200 produtores de leite, dos mais variados portes, atualmente este número gira em torno de 120.
“Estamos trabalhando para a regularização do Sistema de Inspeção Municipal (SIM) e regularização das agroindústrias do município”, comenta Vanessa ao declarar que no momento, no município não há nenhuma agroindústria de queijo regularizada.
Vanessa afirma ter claro a necessidade de políticas públicas para estimular a permanência de jovens no campo, mas principalmente a criação de agroindústrias. Na visão da gestão municipal é importante haver o repasse por meio de fomento.