Um projeto desenvolvido por uma dupla de arquitetos de Pato Branco foi um dos selecionados para integrar a segunda edição do guia IAB para a Agenda 2030, uma coletânea de propostas com soluções para as cidades que contribuam para o alcance dos objetivos da Agenda, elaborada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
O catálogo é publicado pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil (IAB), e a relação dos projetos selecionados foi apresentada durante o 27º Congresso Mundial de Arquitetos, que está sendo realizado no Rio de Janeiro. O evento acontece de forma online por conta das medidas de prevenção a Covid-19.
Os arquitetos Marcelo Godinho e Waleska Ivya Santos Tillwitz desenvolveram uma estufa urbana, que foi selecionada como proposta para o alcance do segundo objetivo da agenda: fome zero e agricultura sustentável. Para cada um dos 17 objetivos da agenda foram selecionados três projetos, entre iniciativas enviadas por profissionais de todo o Brasil.
Segundo Godinho, a estufa é confeccionada em sua grande maioria com materiais de reaproveitamento de obras, como tubos de PVC e madeira. O objetivo é o cultivo coletivo de hortaliças em espaços públicos. Para a submissão ao catálogo, a dupla posicionou a estufa na praça Presidente Vargas.
Waleska comenta que a ideia de desenvolver uma estufa surgiu por conta da familiaridade da dupla com a relação da arquitetura com a alimentação e a produção de alimentos, por meio, por exemplo, de fazendas verticais. “Seria uma micro – fazenda vertical, algo mais possível de se realizar em um primeiro momento”, completa a arquiteta.
A verticalização também contribui para o melhor aproveitamento do espaço. Godinho explica que no formato vertical a estrutura permite o plantio de 187 mudas em 14 metros quadrados, enquanto na horizontal seriam necessários 26 metros quadrados. “Isso acarretaria em liberação do solo para que ele possa se regenerar para as futuras gerações, que é um dos princípios da sustentabilidade”, detalha.
A proposta de uso do projeto é que o funcionamento aconteça de forma independente, ou seja, a própria comunidade, um gestor público ou organização realize o plantio, manutenção e colheita dos vegetais. “Seria como uma forma de convívio. As pessoas passam por ali e tiram uma muda de alface, algo assim”, explica Godinho.
Ele diz ainda que o conceito é uma forma de aproximar o meio de produção das cidades, promovendo uma mudança de percepção do espaço. Antes da revolução industrial, em uma sociedade mais bucólica, era mais comum ter acesso direto aos meios de produção de alimentos, como animais, hortaliças. “Hoje não temos mais o contato com a comida, a ideia seria trazer isso para o espaço urbano”, completa.
A relação dos projetos selecionados está disponível no site do IAB São Paulo (www.iabsp.org.br). Tanto a primeira como a segunda edição do catálogo deverão ser publicados durante a realização do Congresso, que termina em julho.