Projeto Pato a Jato compete na Shell Eco Marathon no Rio de Janeiro e busca novos recordes

O curso de Engenharia Mecânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Campus Pato Branco, coordenado pelo professor Luiz Carlos Martinelli Jr, tem se destacado no cenário nacional com o projeto “Pato a Jato”. A equipe desenvolve protótipos inovadores, focados na melhoria da eficiência dos motores de combustão interna, utilizando tecnologias de injeção eletrônica e otimizando a performance dos veículos. Os resultados são testados em competições de eficiência energética, como a Shell Eco-Marathon, realizada em dois eventos anuais: a edição Brasil e a edição Américas.

Fundada em 2009, a equipe é atualmente coordenada pelo Professor Doutor Luiz Carlos Martinelli Júnior. Ao longo dos anos, a Pato a Jato vem se aprimorando através de diversas competições focadas em energia sustentável, o que culminou no impressionante recorde latino-americano de 767,9 km/l. Essa conquista é fruto de um intenso processo de aperfeiçoamento e inovação, reafirmando o compromisso da equipe com a sustentabilidade e a eficiência energética.

“A Pato a Jato desenvolve protótipos para testar novas tecnologias, que melhorem a eficiência do motor, da combustão. E como é que a gente mede isso? Nós participamos de competições de eficiência energética. Atualmente, ocorrem dois desses eventos patrocinados por uma empresa, no caso a Shell. O evento se chama Shell Eco-Marathon,” explica Martinelli.

A próxima competição acontece entre os dias 27 e 30 de agosto, no Rio de Janeiro. Martinelli destaca a importância dessa participação para a equipe: “A competição que nós vamos participar agora, semana que vem, vai ocorrer no Pier Mauá, na cidade do Rio de Janeiro… ela é classificatória. Se você for bem, você é convidado a participar nos Estados Unidos.”

Desafios

O professor também ressalta os desafios enfrentados pela equipe, especialmente na adaptação do motor movido a etanol para condições climáticas adversas, como o frio nos Estados Unidos. Além das dificuldades técnicas, a equipe enfrenta questões logísticas e burocráticas para participar das competições internacionais, como a obtenção de passaportes e vistos para todos os integrantes, além do transporte do protótipo.

O financiamento é um dos principais obstáculos, uma vez que a universidade oferece apenas apoio limitado para custeio das competições, sem recursos diretos para o desenvolvimento de protótipos. Com anos de experiência e conquistas, a equipe “Pato a Jato” continua a superar obstáculos e a representar o Brasil com inovação e dedicação nas competições de eficiência energética.

“O projeto, propriamente dito, não recebe recursos da universidade… A gente recebe apoio para competição,” explica Martinelli. O professor destaca que a maior parte dos recursos vem de parcerias com empresas privadas, como a Atlas, Disapar, RomaDuck e outras grandes parceiras, e a Injepro, que fornece materiais e equipamentos a preço de custo ou até sem custos. Além disso, os estudantes organizam rifas e campanhas internas para arrecadar fundos.

Quando se trata de competições internacionais, como nos Estados Unidos, o desafio se intensifica. “Há um abismo entre os recursos disponíveis aqui e os de lá. Mesmo assim, nós conseguimos manter a nossa posição com muita criatividade e dedicação dos alunos”, avalia o professor.

Essa realidade mostra como a falta de acesso a materiais de alta tecnologia e de patrocinadores com grande poder financeiro influencia diretamente no desenvolvimento e nos resultados obtidos. “Mesmo com todas essas dificuldades, nossos alunos conseguem se destacar, o que mostra a qualidade da formação que estão recebendo aqui.”

A principal diferença entre as condições nas universidades brasileiras e americanas está no acesso a recursos e nas oportunidades de integração com o mercado de trabalho. Nos Estados Unidos, os alunos frequentemente têm acesso direto a grandes empresas e tecnologias avançadas, o que pode acelerar sua entrada no mercado de trabalho. No Brasil, apesar das limitações, os alunos também têm oportunidades valiosas, especialmente nas regiões mais desenvolvidas e em universidades que investem em parcerias com a indústria.

Essa diferença impacta diretamente a experiência acadêmica dos alunos, onde os americanos podem ter uma experiência mais prática e orientada ao mercado, enquanto os brasileiros, dependendo da universidade, podem enfrentar desafios maiores para conseguir as mesmas oportunidades.

Na UTFPR, os projetos são desenvolvidos em uma área conhecida como “área das equipes”. Embora o espaço não seja grande, ele abriga quatro equipes que trabalham intensamente em projetos de engenharia e tecnologia. Esse espaço é limitado, o que representa um desafio, mas também reflete a dedicação e o comprometimento dos alunos e professores em maximizar os recursos disponíveis.

Os alunos têm acesso ao centro de usinagem e à área de soldagem, onde podem aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos em sala de aula. “Aqui, eles não apenas aprendem o básico, mas também desenvolvem habilidades avançadas, como a soldagem de alumínio e a usinagem de materiais nobres. Esses materiais são caros e exigem uma técnica refinada, que os alunos só conseguem dominar com o devido treinamento e a prática intensiva. Participar de uma equipe como a Pato a Jato proporciona essa oportunidade, onde os alunos precisam garantir a qualidade e a resistência dos materiais”, complementa.

Além das competições

No entanto, o foco dessas equipes vai muito além da competição. O verdadeiro objetivo é o crescimento pessoal e profissional dos alunos. Eles aprendem a trabalhar em equipe, a superar desafios práticos e a aplicar suas habilidades em situações reais, o que é fundamental para o desenvolvimento de sua carreira. Muitos dos engenheiros que hoje atuam em empresas como Atlas, BRF e WEG começaram suas trajetórias em equipes como a Pato a Jato e a Pato Baja, desenvolvendo competências que os destacam no mercado de trabalho.

Martinelli reforça que a experiência adquirida nas equipes não só fortalece o conhecimento técnico dos alunos, mas também os prepara para enfrentar o mundo real, onde o trabalho em equipe e a inovação são essenciais. A universidade também incentiva o empreendedorismo e a inovação por meio da empresa júnior de mecânica, que já está envolvida em projetos significativos. Além disso, a UTFPR apoia o desenvolvimento de novas tecnologias, com pedidos de patentes sendo registrados em nome dos alunos que desenvolveram os produtos.

Ao final de sua jornada universitária, esses alunos saem preparados, com a experiência prática adquirida nas equipes e, algumas vezes, com uma patente em seu nome, o que representa um grande diferencial no mercado de trabalho.

Apesar das dificuldades, a equipe tem se destacado, não só pelas conquistas em competições, mas também pelo impacto na formação dos alunos. Martinelli ressalta que a experiência no projeto oferece aos estudantes um desenvolvimento técnico e pessoal que vai além das salas de aula, preparando-os para o mercado de trabalho e para desafios reais na engenharia.

Entre as empresas que apoiam a Pato a Jato destacam-se: Atlas Eletrodomésticos, Dako, Roma Duck, Disapar, Utfpr, Paumaq, Play Games Vídeo, Ônix Tintas, Altair, Tr Som e Designe, Prime, Fast, Cresol, Aliados.


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