
A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) cancelou o espetáculo “Brasil: Pecado Capital”, que seria apresentado pelo historiador e escritor Eduardo Bueno (Peninha) neste domingo (14), em Porto Alegre. A decisão foi tomada após a repercussão negativa de declarações feitas pelo historiador sobre a morte do ativista norte-americano Charlie Kirk, assassinado no campus da Universidade de Utah Valley no dia 11 de setembro.
Em vídeo publicado no Instagram, mais tarde excluído pela plataforma, Bueno afirmou ser “terrível um ativista ser morto por suas ideias, exceto quando é Charlie Kirk”. Em tom de deboche, comentou ainda: “Mataram o Charlie Kirk. Ai, coitado, tomou um tiro, não sei se na cara. Tem duas filhas pequenas, que bom pras filhas dele, né”.
As declarações geraram críticas nas redes sociais e levaram à exclusão do conteúdo. Bueno, que tem 1,53 milhão de inscritos no YouTube e quase 350 mil seguidores no Instagram, reagiu acusando censura e ironizou: “Espero que os EUA invadam logo o Brasil para me defender”.
Cancelamentos em série
Além da PUCRS, a Livraria Travessa do Shopping Iguatemi, em Porto Alegre, também cancelou o evento “Porto Alegre: Suas Histórias e Suas Livrarias”, previsto para este sábado (13) com a participação do historiador.
Na nota oficial em que anunciou a rescisão do contrato de locação, a PUCRS afirmou:
“A PUCRS reforça seu compromisso com a liberdade de expressão, mas repudia qualquer manifestação contrária à vida e à dignidade humana, reafirmando que tal postura não condiz com sua cultura nem com seus valores institucionais.”
O espetáculo cancelado narraria a história das três capitais brasileiras — Salvador, Rio de Janeiro e Brasília — discutindo como a construção do poder nacional sempre esteve ligada a esquemas de corrupção e superfaturamento. Os ingressos custavam entre R$ 100 e R$ 200 e já não estão mais disponíveis em plataformas online.
Reações políticas e diplomáticas
O episódio ultrapassou o campo cultural e chegou à esfera política. O vereador de Porto Alegre Ramiro Rosário acusou Eduardo Bueno de discurso de ódio e acionou o consulado dos Estados Unidos, destacando que as falas poderiam gerar desdobramentos diplomáticos. Após o cancelamento do evento na PUCRS, Rosário afirmou que a decisão foi “necessária diante da gravidade das declarações”.
O deputado estadual Felipe Camozzato também se manifestou em apoio às denúncias contra o historiador.
Citação a Elon Musk gera alerta
Outro ponto polêmico foi uma fala em que Eduardo Bueno mencionou sua filha, que mora em Austin, Texas, perto de uma das casas de Elon Musk. Em tom de ironia, ele sugeriu: “Se algum ataque acontecer… [risos]”.
A declaração fez com que influenciadores brasileiros marcassem o bilionário sul-africano nas redes sociais. O comentarista político Leandro Ruschel publicou no X:
“Olá, @elonmusk, isso é extremamente sério e diz respeito diretamente à sua segurança pessoal. Espero que se trate de uma falsa ameaça — mas não temos certeza.”
O vídeo com a citação também foi removido das redes sociais, mas trechos seguem circulando e alimentando críticas.
Contexto do crime
Charlie Kirk foi baleado cerca de 20 minutos após o início de um evento na Universidade de Utah Valley. Segundo a porta-voz da instituição, Ellen Treanor, o disparo foi feito a cerca de 200 metros de distância. O acusado é o estudante Tyler Robinson, de 22 anos, preso ainda na noite do crime.
Reações nas redes
No Instagram, Eduardo Bueno desativou os comentários em suas últimas seis postagens desde 9 de setembro. Já no Facebook, onde a ferramenta permanece ativa, recebeu uma enxurrada de críticas de seguidores, muitos afirmando que deixariam de segui-lo.
Um deles escreveu: “Comemorar a morte seja lá de quem for, e ainda citar os filhos, é demais. Tenho certeza que refletirá sobre isso.”
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