Amigos leitores, iniciei esta coluna no ano de 2009. Lembro que meu primeiro texto neste nosso espaço foi o que deu título ao nosso primeiro livro: “Não Terceirize a Educação de seu Filho”.
Pois bem, naquela época, e são passados bons 14 anos, uma pergunta inquietava grande parte de meus leitores e pais com os quais eu mantinha contato: “qual a melhor receita para educar um filho?”.
Nesses quatorze anos tivemos imensos avanços científicos, sociais, tecnológicos, econômicos, entre tantos outros. A tecnologia da informação e comunicação deu saltos milenares em comparação com outras áreas. A comunicação desenvolveu-se como em nenhuma outra época.
E, contraditoriamente, as pessoas nunca se isolaram tanto quanto nesse tempo. As famílias, os filhos, os pais, os amigos, as relações interpessoais e interfamiliares sofreram retrocessos inimagináveis na era da comunicação cibernética. E isso não ajudou na educação dos filhos.
No mesmo compasso da primeira questão, outras preocupações como a de “como educar sem bater”; “como fazer o filho respeitar os pais e os mais velhos”; “como os pais devem tratar os filhos”; “como ensinar ética aos filhos” ; “como ensiná-los a não se aproximarem de drogas” e tantas e tantas outras preocupações que preenchem as noites de insônia de pais e mães preocupados com o futuro de seus filhos e suas famílias.
Caminhei com muitas dessas preocupações. Propus muitas reflexões a respeito desses e de outros temas, procurando mostrar que, de fato, não há “receita” ou “receitas”. Que há contexto e contextos que precisam ser entendidos e a partir dos quais se traça, perspectivas e ações.
Tenho dito e, percebido, que as redes sociais substituíram a vivência familiar, que o acesso indiscriminado às redes sociais e aos aparelhos eletrônicos de última geração, como também o tempo prolongado frente a jogos de computadores, vídeo games e à televisão diminuíram, consideravelmente, a interação de crianças e adolescentes entre si e com suas famílias fazendo com que os relacionamentos humanos necessários para se construir a vida familiar se percam e sejam substituídos pelas mídias sociais.
Tenho apontado, também que percebo que as crianças, adolescentes e jovens estudantes, chegam nos diversos graus escolares com um alto grau de intolerância à regras e normas. São pessoas que não suportam um “não”. Que não querem saber de qualquer limite, sem entender que o não, o limite, com bom senso, é estruturante, demonstra cuidado e constitui um investimento no desenvolvimento equilibrado do indivíduo.
Tenho dito, ao longo destes anos, que não existe uma fórmula pronta para educar, entretanto é de fundamental importância entender que autoridade não é autoritarismo e que é possível estabelecer limites com amorosidade e que esse é o papel fundamental dos pais e das mães.
Tenho dito também que é preciso agir com “firmeza e com ternura”, mas que é preciso agir. Que os filhos não podem fazer o que querem, quando querem e onde querem, que a vida familiar e social impõe regras e limites para a convivência.
Tenho visto com imensa tristeza que as regras de boa educação não se aplicam mais na maioria das circunstâncias escolares, que respeito a professores, funcionários escolares é coisa do passado. Que estamos entregando para a sociedade uma geração sem limites, sem regras, doentes física e psiquicamente falando.
Por outro lado, penso que se todos os pais, de todos os segmentos sociais, de todas as escolas, voltassem a se questionar sobre a necessidade de construir uma sociedade com gerações saudáveis física e psiquicamente falando, ainda haveria tempo de mudar e pensar não só no meio ambiente e em modismos, mas em pessoas humanamente saudáveis com relacionamentos interpessoais respeitosos, pense nisso, enquanto lhe desejo boa semana.
Comentários estão fechados.