Fernando Ringel
Cai uma lágrima do brasileiro quando vê a luz da reserva acender no painel do carro, moto ou caminhão. Temos nossos problemas internos, mas essa dor é mundial e foi agravada pela guerra na Ucrânia. Duvida? O conflito começou em 24 de fevereiro, e na véspera a cotação do barril de petróleo era US$ 96,84. Na última sexta, já valia US$ 111,84. Nisso, há uma lição: a inflação é como se a economia estivesse doente, e por causa do comércio internacional, um país vai infectando o outro. Na Ásia, a crise balançou uns e derrubou o primeiro-ministro do Sri Lanka. Na África, mesmo sendo a maior economia, a Nigéria sofre. Imagine, então, a situação os demais países do continente.
Na América Latina, o Equador colocou as Forças Armadas nas ruas para conter protestos. Nesse turbilhão, dia 21, o governo brasileiro começou a articular a criação de uma ajuda mensal para o diesel. Sabe-se lá como isso será pago, mas a intenção é evitar uma nova greve dos caminhoneiros, como já está acontecendo na Argentina.
No “Velho Continente”, depois das severas sansões impostas à Rússia, segundo maior produtor de petróleo, a União Europeia sabe que não terá vida fácil. Por isso, estabeleceu a proibição de veículos à combustão em 2035. A Noruega, tem ainda mais pressa. Com 86% de sua frota movida à eletricidade, o país pretende vender apenas esse tipo de veículo já em 2025.
O carro elétrico brasileiro
Acredite se quiser, ele existe e foi lançado em… 1974! Trata-se do Gurgel Itaipu, que logo virou peça de museu. Na atualidade, a opção mais barata é o Renault Kwid E-Tech, por R$ 142.990. A principal opção seria um Tesla, mas como a montadora não tem fábrica no Brasil, importar seus modelos custa de R$ 500 mil a 2 milhões. Mais barato montar um posto de gasolina, não é? Coincidência ou não, desde fevereiro tramita um projeto de lei, do senador Irajá (PSD/TO), que propõe zerar impostos na importação de veículos elétricos e híbridos até 2025. É esperar para ver.
Enquanto uns sonham, a suíça NanoFlowcell segue testando um carro elétrico… que anda com água salgada! Além do “combustível gratuito”, o carro não emite gás carbônico, eterno vilão da Camada de Ozônio. Já foram mais de 350 mil quilômetros rodados sem problemas mecânicos. Se chegar a ser produzido, é torcer para que o preço de venda seja acessível. E pensar que tudo isso beirava a ficção antes da pandemia surgir, hein? Nada como a água batendo no sapo para fazê-lo pular.
Comunicador e professor universitário