“O sucesso estrondoso dos serviços de inteligência dos EUA em evitar novos ataques e construir uma rede de espionagem capaz de detectar sinais de planos de atentados fez com que o terrorismo deixasse de ser uma preocupação imediata dos últimos governos americanos, a ponto de o presidente Joe Biden querer que as agências de inteligência voltassem seu foco para a China e para a Rússia”, afirma Daniel Byman, professor da Walsh School of Foreign Service da Universidade Georgetown, e autor de Road Warriors: Foreign Fighters in the Armies of Jihad. “E essa certeza de segurança reforça o esforço do governo Biden para acabar com as guerras eternas.”
Para Byman, as agências de inteligência dos EUA entenderam que, em vez de uma vitória decisiva, os americanos parecem ter se contentado com algo menos ambicioso: “bom o suficiente”. “Os EUA reconhecem que, embora o terrorismo jihadista possa ser impossível de erradicar total e permanentemente – ou que os custos de tentar fazer isso são simplesmente altos demais -, a ameaça pode ser reduzida a ponto de matar relativamente poucos americanos e não moldar mais a vida diária nos EUA”, disse.
À medida que o governo americano fica mais cético em relação às operações de contrainsurgência em grande escala destinadas a remodelar sociedades inteiras, os três governos mais recentes – Barack Obama, Donald Trump e Biden – têm se concentrado em manter as organizações jihadistas fracas e desequilibradas.
Por meio de uma mistura de coleta de inteligência, operações militares pontuais e esforços de segurança interna, eles conseguiram, em grande parte, manter a luta em bolsões isolados no mundo. “Em um grau notável, os próprios EUA foram isolados da ameaça. O jihadismo permanece vivo e bem no exterior. E não vai desaparecer tão cedo, mas a atual doutrina dos EUA é uma forma politicamente viável e comparativamente eficaz de administrar a questão. É boa o suficiente.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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