Querer e crer

Ao lermos os Evangelhos, nos surpreendemos com indagações do Mestre Jesus, para aqueles que lhe vinham rogar a cura de suas enfermidades. Ou liberá-los de alguma limitação física.

Diga-se, questionamentos que nos falam da sabedoria desse Mestre, Modelo e Guia, muito adiante do Seu tempo. Profundo conhecedor do psiquismo humano.

Ao cego que clama por misericórdia, ao ouvi-lO passar, Ele indaga: Que queres que eu te faça?

Os que estão próximos e ouvem a pergunta, dizem para si mesmos: Não é óbvio o que quer o pobre cego que vive à margem da sociedade, esmolando? Ele quer ver, quer ter ativo o dom da visão.

Entretanto, no processo da cura, é imperioso que a pessoa queira verdadeiramente o restabelecimento da saúde.

querer, em profundidade, sem reservas, altera completamente o quadro psicofísico do indivíduo, auxiliando o organismo na restauração dos seus equipamentos danificados.

A doença é um estado de desarmonia do Espírito, que se exterioriza no físico.

Dessa maneira, querer é se decidir a alterar seu estado, a mudar.

Para quem recebe o terrível diagnóstico da enfermidade que lhe agride a maquinaria física, principia na mudança de hábitos.

O querer assinala uma disposição nova, o abandonar o que causa o distúrbio que se apresenta na emoção, na mente e no corpo.

Por isso, escreve o Evangelista Marcos que o cego responde: Que eu veja, senhor.

E a resposta de Jesus é decisiva: Vai, a tua fé te salvou.

Em outros momentos, depois da resposta à primeira indagação, estabelece uma segunda.

No caso dos dois cegos que O seguem até a casa na qual Jesus adentra, pergunta: Credes que eu seja capaz de vos curar?

Igualmente parece óbvia a resposta. Se eles O seguiram, insistindo pela cura, guardavam a certeza de que Ele poderia processá-la.

Mas Jesus aguarda. E somente depois da resposta positiva de ambos, Ele lhes toca os olhos e conclui: Seja feito conforme credes.

O crer é uma decisão grave, de maturidade emocional e humana.

Quando se quer acreditar, sem dúvida, no êxito, é o passo decisivo para alcançar o que se almeja.

Em termos de restabelecimento da saúde, observamos pacientes que buscam a cirurgia, a terapia, o medicamento, enquanto em sua mente assinalam: Sei que não vai adiantar nada. Vou fazer porque minha família quer.

E, como é de se esperar, dificilmente conseguem melhorias. A enfermidade faz morada em seus corpos.

Isso porque a mente da criatura agasalha o estado mórbido.

Querer e crer conduzem à luta, mediante a decisão de alcançar o campo do êxito.

No episódio do paralítico descido pelo telhado e posto ao lado de Jesus, está demonstrada a vontade de voltar a andar, de reaver a mobilidade do corpo.

De tornar a viver, com liberdade. Para isso, Ele pedira auxílio a amigos para que o conduzissem.

Não se importou com o desconforto ou com o aumento das dores ao ser transportado em uma simples maca, quiçá improvisada.

Ele queria ser curado. E conseguiu.

Pensemos nisso: querer e crer são essenciais para o restabelecimento físico e psíquico do candidato à cura.

 Redação do Momento Espírita

você pode gostar também

Comentários estão fechados.