Se confirmada, a renúncia vai interferir na dinâmica da gestão municipal, pode gerar uma dança de cadeiras no secretariado e apimentar a movimentação política da situação e da oposição
Tratada dentro da executiva do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) de São Lourenço do Oeste (SC), a possibilidade de renúncia do prefeito Rafael Caleffi ao Executivo no início de 2023 foi confirmada pelo presidente do partido, Alex Cleidir Tardetti. “Sim, a informação procede”, responde.
Tardetti lembra que, desde que foi informado da intenção, acompanha todas as conversas dentro da executiva da sigla. Segundo ele, o fato também está sendo diluído entre o prefeito e a velha guarda do partido, os quais são vistos por Caleffi e Tardetti como conselheiros políticos. O objetivo disso tudo é comunicar, explicar e sondar o que está acontecendo. “É uma proposta da iniciativa privada para Caleffi assumir a partir do ano que vem”, resume adiantando que não há data específica para isso acontecer.
Questionado sobre a situação de governo, tendo em vista que o MDB, através do Caleffi, lidera um projeto de governo iniciado em 2016, o presidente do MDB lourenciano não esconde que, se efetivada, a renúncia será sentida pelos partidos que compõe o grupo e, principalmente, os MDBistas. Por outro lado, ele defende que é uma situação compreensível. “Como ele mesmo falou pra nós, não tem como esperar 2024 para decidir o que vai fazer. O Caleffi tem uma consideração muito grande pelo setor público, mas ele não quer viver pendurado em políticos”, disse justificando que a contribuição já foi dada e, mesmo que haja julgamentos, Rafael é uma liderança que vai continuar sendo um agente político.
Ao considerar isso, o presidente do MDB emenda dizendo que o grupo tem confiança no vice-prefeito, Agustinho Assis Menegatti (PP), para conduzir o projeto político até o término de 2024. “Rafael nunca falou em abandonar o grupo. Ele vai para a iniciativa privada, mas permanece no grupo como conselheiro e alguém a ser ouvido nas grandes decisões”.
Novo Governo
No entendimento de Tardetti, se a renúncia se confirmar, a partir de então passa a existir um novo governo em São Lourenço do Oeste, o qual será comandado pelo atual vice-prefeito, que hoje está no Partido Progressistas (PP). A movimentação, naturalmente, fará com que partidos como MDB e o Partido Liberal (PL) deixem os cargos à disposição. Nesse caso a permanência da atual equipe de governo – secretários, diretores e assessores – dependerá da vontade e entendimento do novo chefe do Poder Executivo. “O Agustinho já colocou para nós, presidentes de partidos, que não haverá a imposição de mudanças. Tenho total confiança no Agustinho quanto a isso, mas é bem possível que em algumas secretarias existam alterações”.
Movimentação política
Embora pareça simples, a renúncia do atual prefeito, se confirmada, causará, na prática, uma oxigenação no cenário político lourenciano. O MDB, por exemplo, mesmo permanecendo na composição, cede o lugar de destaque ao PP. A dinâmica das secretarias também deve ser outra. Tardetti entende que no cenário da oposição também se cria fatos novos. “Inicia-se todo um processo de ‘briga’ por espaços”. Entretanto, o presidente da executiva MDBistas lourenciana acredita que o vice, ao assumir a cadeira do Executivo, passa a ter a principal ferramenta para se condicionar como o candidato do grupo em 2024. “O grupo todo sabe disso”, confirma.
Dentro desse contexto outra questão que começa a ganhar corpo e ser tratada nos bastidores é a definição do segundo nome que irá representar o grupo no próximo pleito a majoritária. Tardetti adianta que entre os partidos há vários nomes a disposição e com ambição. “Vamos fazer várias reuniões e pesquisas eleitorais para que sejam viabilizados os dois melhores nomes. Isso está bem lúcido e pacificado dentro do grupo gestor atual, o qual é formado por PL, MDB, PP e demais simpatizantes”, expõe deixando claro que a decisão final acontece mais a diante e será chancelada pelo grupo.
A redação do Diário do Sudoeste tentou contato com Rafael Caleffi, mas a informação é de que no momento o mesmo não se pronunciará sobre a questão. O porta voz sobre o caso é o presidente da executiva do MDB lourenciano.