Segundo o CEO, até aquele momento representantes da empresa no País já haviam se reunido com o Ministério da Economia, com a Embaixada do Brasil nos EUA, e com o Ministério da Saúde. “Apresentamos uma proposta ao Ministério da Saúde do Brasil para fornecer nossa potencial vacina que poderia proteger milhões de brasileiros, mas até o momento não recebemos uma resposta”, afirmou Bourla na carta. “Sabendo que o tempo é essencial, minha equipe está interessada em acelerar as discussões sobre uma possível aquisição e pronta para se reunir com Vossa Excelência ou representantes do governo brasileiro o mais rapidamente possível”.
A correspondência foi entregue à CPI da Covid nesta quarta, 12, pelo ex-secretário de Comunicação Social da Presidência Fábio Wajngarten. Segundo ele, a carta ficou dois meses sem resposta. Em depoimento, ele disse que, ao tomar conhecimento do documento, em novembro, respondeu no mesmo dia ao escritório da Pfizer em Nova York.
Segundo Wajngarten, até então nenhuma autoridade tinha retornado ao CEO da Pfizer, que também endereçou a carta ao vice-presidente da República, Hamilton Mourão, ao então ministro da Casa Civil (hoje Defesa), Walter Braga Netto, ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Nestor Foster.
No documento, Bourla relatou que a vacina da Pfizer era uma opção “muito promissora” para ajudar o governo brasileiro a mitigar a pandemia. “Quero fazer todos os esforços possíveis para garantir que doses de nossa futura vacina sejam reservadas para a população brasileira, porém celeridade é crucial devido à alta demanda de outros países e ao número limitado de doses em 2020”, alertou.
O CEO da Pfizer também escreveu sobre o acordo que tinha fechado com os Estados Unidos para fornecer 100 milhões de doses, com a opção de oferecer 500 milhões adicionais, além de acordos com outros países para fornecimento de outras 200 milhões de doses. “Estamos no caminho certo para buscar uma revisão regulatória de nossa vacina em outubro de 2020, com centenas de milhares de doses já produzidas”, escreveu Bourla.
Apesar da iniciativa da empresa, o Brasil só fechou o primeiro contrato com a Pfizer em março deste ano, cerca de sete meses depois do envio da carta. Em janeiro, o Ministério da Saúde chegou a criticar a proposta, afirmando que a aquisição de número restrito funcionaria como uma “conquista de marketing” para a fabricante e uma “frustração” para os brasileiros.
A CPI colhe nesta quinta, 13, a partir das 9 horas, o depoimento do gerente geral da Pfizer na América Latina, Carlos Murillo, que deve falar sobre a carta e a negociação com o governo brasileiro.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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