A partir deste sábado (12), com o retorno do Campeonato Brasileiro após a pausa para a Copa do Mundo de Clubes, entra em vigor a obrigatoriedade do uso de reconhecimento facial para acesso de torcedores em estádios com capacidade superior a 20 mil pessoas em todo o Brasil. A medida é determinada pela Lei Geral do Esporte (Lei 14.597/2023) e visa aumentar a segurança e combater fraudes como o cambismo.
“O reconhecimento facial tem sido um divisor de águas para a inovação dos clubes brasileiros. Essa tecnologia contribui para que os torcedores tenham uma experiência de acesso mais rápida e conveniente. É possível acessar somente com o rosto, sem precisar de cartões ou ingressos físicos, e a validação acontece em menos de 1 segundo”, destaca Tironi Paz Ortiz, CEO da Imply, empresa que opera o sistema em diversos estádios.
Segundo ele, o sistema praticamente acabou com o cambismo, já que o ingresso está vinculado ao CPF e ao rosto do torcedor, tornando-se intransferível.
Mais segurança nos estádios
O uso da tecnologia já apresentou resultados concretos em jogos recentes. No confronto entre Fortaleza x Colo Colo pela Copa Libertadores, mais de 500 torcedores do time chileno, proibidos judicialmente de entrar no estádio, foram identificados e bloqueados na Arena Castelão, que utiliza o sistema.
“A tecnologia valida e cruza dados biométricos e documentos com bases de segurança oficiais, reforçando o compromisso com a integridade dos eventos esportivos”, explica Ortiz.
Fontes do setor estimam que os investimentos já superam R$ 100 milhões no Brasil, com custo de operação (montagem das catracas e manutenção) variando entre R$ 4 e R$ 9 milhões por estádio, dependendo do tamanho.
“O reconhecimento facial torna o acesso mais simples, rápido e reforça a segurança. Assim, melhora consideravelmente a experiência dos fãs”, afirma Vitor Roma, CEO da Keeggo, consultoria de tecnologia.
Clubes pioneiros e expansão do sistema
O Santos já opera com 100% dos acessos à Vila Belmiro controlados por reconhecimento facial desde o fim de 2024. A implementação ocorreu de forma gradual, a partir de junho de 2024, e faz parte de um projeto de modernização que inclui integração com a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo.
“O reconhecimento facial é um avanço fundamental no combate à atuação de cambistas e na garantia de mais conforto e segurança para os nossos torcedores e sócios”, diz Marcelo Teixeira, presidente do Santos.
Victor Grunberg, vice-presidente do Internacional, comenta sobre as vantagens da ferramenta: “Entendo que a medida de tornar obrigatório o reconhecimento facial para estádios acima de 20 mil pessoas é extremamente válida. É uma forma eficaz de controle de segurança, porque é possível identificar todas as pessoas que estão ali e evitar que esteja num evento privado, que é o futebol, pessoas que têm um conflito com a lei e que potencialmente podem causar problemas dentro do estádio”.
O Palmeiras foi o primeiro grande clube do Brasil a implementar o sistema em todos os acessos do Allianz Parque, ainda em 2023, após enfrentar problemas graves com cambistas em 2022. O modelo foi bem aceito pela torcida, e a ferramenta já ajudou a identificar e prender dezenas de procurados pela Justiça.
No Rio de Janeiro, todos os grandes clubes — Flamengo, Fluminense, Vasco e Botafogo — também já adotaram o sistema de reconhecimento facial para acesso aos jogos, visando mais segurança e comodidade para os torcedores.
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