No dia 04 de outubro, dia de São Francisco, revi o belíssimo filme “Irmão Sol e Irmã Lua”. O jovem Francisco, de coração naturalmente bom e generoso, mas dado aos prazeres do mundo, ouviu a voz do Senhor, na igrejinha de São Damião. O Senhor lhe dizia: “Francisco, reconstrua a minha Igreja”. Esta voz tinha sido antecedida por vários sinais que Deus já estava emitindo ao jovem Francisco como a sua aproximação terna dos leprosos, refugiados em guetos fora da cidade. Francisco pensava que sua missão era reconstruir a capela semidestruída de Santa Maria dos Anjos e vende produtos do comércio do seu pai a preços populares e entrega ao padre o dinheiro para a reconstrução da capela. Esta capela, hoje, está abrigada no interior da grande Basílica de Santa Maria dos Anjos, na planície de Assis, na Itália. Mas a reconstrução que o Senhor queria não era da igreja de pedras, mas a reconstrução da sua Igreja viva. Naquele tempo, como hoje, em especial, a Igreja precisava e precisa de uma reconstrução, uma profunda renovação espiritual que a reconduza à sua fidelidade primeira e original.
Este é o recado que o Senhor está nos mandando através do Papa Francisco. O retorno às fontes primeiras da nossa fé, como nos pediu o Concílio Vaticano II. Para este caminho de retorno, precisamos nos despojar de muitos acréscimos que nos tornam menos livres para um itinerário evangélico do seguimento de Jesus.
A imensa novidade do Papa Francisco não é o fato de ser o primeiro latino-americano e o primeiro jesuíta a ocupar a cadeira de São Pedro. O fato de um Papa ser europeu, americano, asiático ou africano não faz muita diferença. A Igreja não é uma organização onde a preocupação geopolítica seja uma prioridade. Mas a escolha do nome é sugestiva, sim. A novidade é o retorno às origens, como pretendia o Francisco do século XII.
Se o pontificado do papa Francisco ensinar à Igreja e ao mundo a se desvencilharem de tanto supérfluo que fomos acumulando, para tornar nossa fé e nossas vivências mais leves e mais suaves, será uma grande obra. Uma obra querida pela providência divina. Esta é a grande revolução, a grande novidade que o Papa está empreendendo. Vivermos simplesmente na frugalidade da nossa vida cristã, no amor aos demais, em especial, aos pequenos. Adequar as estruturas eclesiásticas ao seu propósito fundamental, eliminando a ostentação e o desnecessário. E, acima de tudo, amar profundamente o Senhor que se entregou por nós e nos convida a fazer o mesmo pelos demais, por causa dele, mesmo nas perseguições e incompreensões. O Papa insiste que é preciso ultrapassar a mentalidade que ergue muros para assumir a mentalidade que constrói pontes, estabelecendo relações de fraternidade e de diálogo. Esta será e é a Igreja que Cristo quer ver reconstruída hoje, através do mesmo apelo: “Francisco, reconstrua a minha Igreja”.
Pe. Lino Baggio, SAC
Paróquia São Roque – Coronel Vivida
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