“O crescimento mundial é liderado por países desenvolvidos e a China. Sabemos que a melhor política econômica (para recuperar as economias) é a vacinação, e o mundo desenvolvido está na frente nisso”, afirmou Silvia Matos, durante o II Seminário de Análise Conjuntural do Ibre/FGV, organizado, totalmente online, em parceria com o jornal O Estado de S. Paulo.
Mesmo ficando para trás na vacinação contra a covid-19, países da América Latina, tradicionais produtores de commodities, como o Brasil, vêm ganhando com a valorização das cotações dessas matérias-primas. E essa valorização se explica justamente pela heterogeneidade da retomada na economia global, não apenas com uns países avançando mais do que outros, mas também com uns setores ganhando e outros, perdendo, e com trabalhadores menos qualificados mais atingidos do que os mais qualificados.
Por isso, para Silvia Matos, o grande desafio da retomada da economia é justamente o caráter heterogêneo da recuperação, com destaque para as desigualdades do mercado de trabalho. O debate sobre emprego e renda, e as políticas sociais para lidar com isso, estará no foco daqui por diante, segundo a pesquisadora. E aí aumentam as pressões por mais gastos públicos, em meio a um quadro de desequilíbrio das contas.
“A recuperação do emprego só volta para informais e poucos qualificados quando serviços normalizar”, afirmou a coordenadora, completando que os números agregados do Produto Interno Bruto (PIB, valor de tudo o que a economia produz em determinado período) mascaram a real situação econômica das famílias. “(O crescimento) Foi melhor, mas nem tanto”, disse Silvia Matos.
Para Armando Castelar, coordenador da área de Economia Aplicada do Ibre/FGV, que também participa do seminário, a questão da pobreza e da renda será central também nas eleições gerais de 2022. Isso porque, se a vacinação contra covid-19 avançar até o fim deste ano, como se espera, a discussão sobre a pandemia poderá ficar “no retrovisor”.
“A questão da pobreza e da renda será central nas eleições. E o governo poderá vir com tudo em política social”, afirmou Castelar. Para o pesquisador, o fato de o presidente Jair Bolsonaro disputar a reeleição marcará o comportamento da política econômica no ano que vem. “A política econômica do ano que vem será a da eleição”, completou Castelar.
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