A industrialização como motor econômico

Através da abertura de áreas industriais municípios buscam atrair novos investimentos e movimentar a economia local

Aline Vezoli e Marcilei Rossi

Não é de hoje que os municípios do Sudoeste buscam alternativas para diversificar as matrizes que impulsionam o desenvolvimento econômico. Mesmo mantendo os pés firmes na agricultura, o que garante boa parte do Produto Interno Bruto (PIB) de várias dessas localidades, esse setor também passa por transformação e ganha novos rumos com a agroindustrialização, seja de produtos primários como alimentos (leite, frutas e carnes), mas também com o processamento de cereais expandindo ainda mais os horizontes.

Contudo, a presença de indústrias já é consolidada na região e deve ganhar ainda mais folego.

De acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (Cnae) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020, somente os 15 municípios que compõem a microrregião de Pato Branco entre os dez setores com maior representatividade, seis eram da área industrial.

Em 2020, eram 111 indústrias que fabricavam produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos; 103 produtos alimentícios; 87 produtos de minerais não-metálicos; 78 móveis; 49 produtos de madeira e 40 confecção de artigos do vestuário e acessórios.

Levando em conta os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados no final de janeiro pelo Ministério do Trabalho e Emprego, em 2022, nove dos municípios da microrregião (Bom Sucesso do Sul, Chopinzinho, Clevelândia, Itapejara D’Oeste, Mangueirinha, Pato Branco, São João, Sulina e Vitorino) tiveram, juntos, saldo positivo (198) na geração de emprego formal no setor industrial, enquanto que Coronel Domingos Soares, Coronel Vivida, Honório Serpa, Mariópolis, Palmas e Saudade do Iguaçu viram o setor encolher em número de trabalhadores no ano.

Investimentos municipais

Com crescimento populacional apontado pelo Censo do IBGE em 2022 em 55%, chegando a 10.500 habitantes, o município de Vitorino lançou, em dezembro do ano passado, o complexo Cidade Industrial Vitorino I, às margens da PR-280, entre Vitorino e Pato Branco.

O complexo conta com 16 lotes, possui 27 mil metros quadrados e já está com a infraestrutura de pavimentação, drenagem, iluminação e matrículas individualizadas concluídas. “A urbanização está 100% pronta para o início das instalações das empresas”, afirma o prefeito de Vitorino, Marciano Vottri.

Com a logística facilitada no Sudoeste do Paraná, a Cidade Industrial Vitorino I apresenta grande potencial de crescimento e instalações de diversas atividades, devido a rota comercial estratégica da rodovia.

“Nós temos a certeza que o impacto será positivo. O município vem sendo procurado por muitas empresas ao longo dos últimos anos”, declara Vottri.

Outro ponto de destaque para Vitorino é a geração de emprego a partir da nova área industrial e vinda de novas empresas e atividades, aumentando a demanda por mão de obra que, segundo o prefeito, será crescente nos próximos meses, de acordo com a instalação das indústrias, levando o município a preparar, ainda, as pessoas para que possam assumir os novos postos de trabalho.

Em abril de 2022, Clevelândia anunciou a implantação da empresa Panter, uma indústria de implementos agrícolas do Paraná que está entre as três fabricantes com a maior linha de pulverizadores da região Sul do Brasil. A empresa estava prevista para se instalar no Parque Industrial II, localizado próximo ao trevo de acesso a Palmas.

Em matéria publicada pelo Diário do Sudoeste, no dia 7 de abril do último ano, o município apontou que a fábrica poderia gerar cerca de 100 empregos diretos e indiretos apenas no primeiro ano de funcionamento.

Parque Empresarial Eduardo Dagios – Crédito: Divulgação Prefeitura de Pato Branco

Em Pato Branco, o Parque Empresarial Eduardo Dagios, localizado no bairro Planalto, conta atualmente com 20 indústrias já estabelecidas que somam cerca de 700 colaboradores diretos.

Em 13 de janeiro de 2023, Pato Branco divulgou o início da terraplanagem para nivelar o terreno e receber 19 novos módulos industriais que serão disponibilizados futuramente, ofertando cerca de 200.000m³ de terras movimentadas, com aproximadamente 120.000m³ destinados ao nivelamento do próprio espaço e 80.000m³ para a obra de ampliação do Aeroporto Regional de Pato Branco.

Essas empresas foram responsáveis por incrementar mais de 200 milhões de reais na economia pato-branquense no ano de 2021, segundo dados da Secretaria da Fazenda do Paraná (Sefa-PR).

Com extensão de 60.000m², o local será anexado ao terreno atual que possui aproximadamente 422.000m², atingindo 482 m² no total.

Secretário de Indústria Comércio e Turismo de Coronel Vivida, Lindones Colferai é outro que comenta a ampliação de área industrial em seu município. “Estamos ampliando devido a alta procura de pequenos empresários por imóveis para estabelecer empresas, principalmente relativo a pagamento de aluguéis a terceiros”, segundo ele, o loteamento já está aprovado pelos órgãos legais, e deve ser licitado as obras de infraestrutura nos próximos dias. O investimento total se aproxima a R$ 5 milhões.

“Com a compra de terrenos com valores subsidiados e pagamento a longo prazo os pequenos empresários poderão expandir seus negócios, construir barracões e fugir de aluguel”, comenta Colferai revelando que a estimativa é de que “no prazo de dois anos teremos 40 novas empresas com média de cinco colaboradores, estabelecidas em imóvel próprio.”

O secretário ainda avalia que “a região está se desenvolvendo nas mais diversas áreas e a industrialização vem acompanhando este crescimento, sendo que para acontecer o desenvolvimento regional, precisamos que todos os municípios cresçam juntos. Temos grande produção regional, principalmente ligado ao agronegócio, que movimento todos os setores e devemos acompanhar, para ter crescimento regional.”

Novidades que impulsiona

As industrias da microrregião ganham destaque no senário nacional e internacional.

Recentemente, uma das maiores indústrias região anunciou a ampliação de seu portfólio de produtos, o que acreditasse que por consequência vá impactar também na transformação local, não só oportunizando novos postos de trabalho diretos e indiretos, mas também na economia varejistas.

Durante o congresso da Atlas Eletrodomésticos, no final de janeiro, a responsável pela produção do portfólio e também pelos designers, a gerente de Produto e Designer, Emilly Ditzel afirmou que “todos os produtos são fruto de um trabalho árduo e isso é só o começo”, ao se referir a 20 novos produtos que devem chegar ao mercado no primeiro semestre deste ano, e lembrando que na segunda metade de 2023 outros produtos devem chegar aos consumidores.

A indústria já havia revelado ainda em 2022, na Eletrolar Show, feira de negócios mais importante da América Latina, um conceito para atrair o público “tecnológico’, com a chamada “cozinha conectada”, toda integrada por meio de comando de voz.

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