Agricultores do Sudoeste recebem incentivo financeiro e auxílio técnico para melhorar a qualidade de vida

Após participar do projeto Renda Agricultor Familiar, Dona Floripa, de Mangueirinha, aumentou a renda da família e conseguiu construir um banheiro em casa

Na última sexta-feira (14), o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater (IDR-Paraná) lançou a revista ‘Renda Agricultor Familiar’. O documento contém cerca de 60 histórias de famílias do estado, que participam, ou já participaram, do projeto Renda Agricultor Familiar.

O Renda Agricultor Familiar integra o Nossa Gente Paraná e é uma política pública que tem por objetivo realizar ações que possam contribuir de forma significativa às famílias de agricultores que vivem em situação de vulnerabilidade. Ao todo, mais de seis mil famílias paranaenses já foram beneficiadas.

O projeto é fruto de uma parceria entre o IDR-Paraná, a Secretaria Estadual de Justiça, Trabalho e Família (Sejuf), Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) e prefeituras. Cabe ao IDR-Paraná a execução do projeto, por meio de visitas às famílias, análise e avaliação da realidade para definir em que e como o valor destinado pelo projeto deve ser investido.

Cada família selecionada recebe R$ 3 mil, que são investidos em ações para geração de renda e produção para autoconsumo e em obras de saneamento básico para melhorar as condições de vida.

A definição de como e onde o dinheiro pode ser investido é feita em conjunto pelos técnicos do IDR-Paraná e pela família beneficiária. Até agora foram aportados R$ 16 milhões para melhorar a vida dessas pessoas. Os recursos do projeto são repassados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), com contrapartida do Estado e do Fundo Estadual de Combate à Pobreza.

Famílias do Sudoeste

No Sudoeste, 797 famílias já foram beneficiadas com o projeto. Dessas, 433 pertencem a micro de Pato Branco, 277 a Francisco Beltrão e 87 a Dois Vizinhos.

Entre os municípios, se destacam Mangueirinha, com 106 famílias participantes, Honório Serpa (85), Coronel Domingos Soares (75), Marmeleiro (66), Santo Antônio do Sudoeste (61) e Nova Esperança do sudoeste (55).

Os dados foram obtidos junto ao IDR e são contabilizados até dezembro de 2021.

Mangueirinha

De acordo com a extensionista do IDR/Paraná, Adriane Rodrigues Zboraski, que atende as famílias de Mangueirinha, desde o início 2018, mais de 100 famílias de Mangueirinha já tiveram acesso ao projeto.

“O projeto Renda Agricultor Familiar, apresenta elementos que favorecem a promoção da Soberania alimentar e nutricional das famílias atendidas, principalmente por apresentar a possibilidade de a família discutir e escolher o projeto que pretende executar. A maioria dos projetos está relacionado a promoção de atividades agrícolas sustentáveis e a produção de alimentos para autoconsumo”, explica.

Segundo a extensionista, o projeto é uma forma de promover uma melhor qualidade de vida às pessoas em situação de vulnerabilidade. “É um belo exemplo de aplicação de política pública, pelos bons resultados na melhoria da renda e pela melhora na qualidade de vida da família”.

Dona Floripa transforma sua realidade

Rendimento insuficiente para as necessidades e a falta de um banheiro eram as principais demandas de Floripa dos Santos, carinhosamente chamada de “dona Floripa”, mulher cheia de disposição que vive no Assentamento Esperança Viva, em Mangueirinha.

Ela tinha limitações técnicas na produção e comercialização de sua produção — variedades não convencionais de feijão, milho pipoca e abóboras —, além de um grande sonho: aprender a ler e escrever.

Outro problema enfrentado pela agricultora era a dificuldade de acesso à propriedade, que fica a mais de 25 km da sede do município, ligação feita por uma estrada em condição bastante precária. Uma vez acolhida no projeto Renda Agricultor Familiar, dona Floripa usou o recurso para comprar um forno e produzir biscoitos artesanais, fazer um galinheiro e, claro, construir um banheiro. Com orientação técnica, ela aprimorou a produção agrícola e aumentou a oferta de alimentos para autoconsumo e comercialização do excedente.

Em outra frente, o IDR-Paraná atuou junto à prefeitura municipal, que não apenas providenciou a adequação da estrada que leva ao assentamento como passou a fornecer transporte para dona Floripa levar sua produção para vender na feira.

Quanto ao sonho de ler e escrever, a demanda foi levada à Secretaria de Educação, que está implantando um projeto de educação de adultos no assentamento. “A vida melhorou muito, hoje me sinto mais feliz, consegui, com a ajuda do projeto e o apoio da Adriane do IDR-Paraná, melhorar e aumentar minha produção, antes eu plantava às minhas custas, mas não conseguia uma quantia boa e não dava muito bem. Ter o banheiro também foi uma benção, porque antes era difícil, aqui é muito frio e muitas vezes a noite nós tinhamos que ir longe na patente e quando chegava visita era complicado. Quero dizer para outras mulheres que não desistam, tem que ter vontade de plantar, fazer, acreditar e ter força”, conta dona Floripa.

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