Bases do Samu da 8ª RS protestam por melhores condições de trabalho

Profissionais de Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Ampére, Santo Antônio do Sudoeste, Planalto e Realeza pedem por aumento nos salários, vale-refeição e permanência de contrato de12 h

O Consórcio Intermunicipal da Rede de Urgências do Sudoeste do Paraná (Ciruspar) tem até segunda-feira (24) para dar um parecer sobre as reivindicações das bases do Serviço de Atendimento Movel (Samu) pertencentes à 8ª Regional de Saúde. Caso contrário, profissionais de Francisco Beltrão, Dois Vizinhos, Ampére, Santo Antônio do Sudoeste, Planalto e Realeza entrarão em greve.

Conforme a técnica de enfermagem do Samu em Beltrão, Juliane Galvan Matiuzzi, os socorristas não querem causar danos a população e por isso, em desacordo com o Ciruspar, a greve acontecerá, mas de maneira pacífica. “Sabemos que nosso trabalho é muito importante e que não pode ser parado. Vão ser feitas mobilizações, mas sem prejudicar os atendimentos”, disse.

De acordo com Juliane, que faz parte do comitê de negociações, os socorristas reivindicam pelo INPC de 6,22% e por 40% de insalubridade na folha de pagamento; por um vale-alimentação, tendo em vista que cumprem 12 h de trabalho, um reajuste no vale-refeição e pela renovação do atual contrato de trabalho. “Estamos tentando uma negociação com o Ciruspar, porém até o momento não teve nenhum acordo. Não estamos cobrando nada além do que é de nosso direito”, comentou.

Pedido de insalubridade

Os profissionais do Samu estão solicitando ao Ciruspar o pagamento de 40% de insalubridade sobre o salário porque, como Juliane explica, depois do surgimento da pandemia do novo coronavírus, os socorristas tornaram-se mais vulneráveis a doenças.

Segundo ela, a covid-19 aumentou as chances de contaminação dos profissionais, o que os coloca ainda mais em risco, uma vez que não são em todos os transportes que utilizam a paramentação que os protege contra a covid.

“Existem pacientes que vamos buscar na residência e as vezes nem sabemos que ele têm covid, e nem eles sabem. Nós só vamos com paramentação nos casos confirmados da doença ou suspeitos”, contou explicando que além do coronavírus, existe o risco de contaminação com outras doenças infectocontagiosas.

Auxílio com alimentação

Hoje, o contrato de trabalho dos profissionais do Samu é de 12 horas de plantão. Durante esse período em serviço, eles não recebem nenhuma alimentação, seja café, almoço ou janta. De acordo com Juliane, tudo é comprado por cada um dos socorristas. “Estamos pedindo pelo menos uma refeição. Nós teríamos por direito, da mesma forma que acontece nos hospitais.”

Os trabalhadores estão solicitando R$ 20 por pessoa ao dia, como vale-refeição e um reajuste no valor do vale-alimentação.

Mudança nos contratos

A intenção do Ciruspar é alterar a carga horária de trabalho dos profissionais do Samu, passando de 12 para 6 h. Para os socorristas, essa medida não é bem-vista porque hoje, como está, eles trabalham 12 horas e folgam dois dias. Caso mude o sistema, terão que trabalhar todos os dias o que impossibilitará outras fontes de renda dos profissionais.

“A maioria de nós não consegue fazer seis horas porque trabalha em outro lugar justamente pelo nosso salário. Não conseguimos sustentar uma casa somente com ele. Então, a maioria tem dois ou até três vínculos”, disse explicando que o acordo das 12 h venceu e o Ciruspar não quer renovar.

Sobrecarga no trabalho

Com a pandemia, os atendimentos do Samu duplicaram. Além dos traumas e das outras doenças que não pararam, há também os pacientes com covid-19 e também a desinfecção da ambulância, que leva em torno de uma hora e deve ser feita após todos os transportes.

“Também estamos fazendo toda a parte de organização e lavagem de material, que antes já fazíamos. No entanto, nós não temos um local apropriado para fazer essa desinfecção e nem uma equipe específica. Nós mesmos que fazemos, assim como nós quem lavamos a roupa e os aventais de tecido, utilizados no transporte de covid. As vezes passamos a madrugada fazendo transporte de paciente e lavando roupa. Isso está sobrecarregando bastante. E não estamos conseguindo uma negociação com eles [Ciruspar] de algo que é nosso direito.”

Ciruspar

Na noite de sexta-feira (21), o Ciruspar emitiu uma nota onde relata que o consórcio mediante notificação de greve pelo Sintrasaúde – Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Saúde de Francisco Beltrão e região, ingressou com a ação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 9ª Regional.

Segundo o comunicado, na ação, o Ciruspar “pedia primeiramente que a greve fosse considerada ilegal, tendo em vista que o Samu é um serviço essencial de caráter inadiável, e o movimento paredista somente irá agravar a prestação dos serviços de saúde, com prejuízo direto à população do Sudoeste do Paraná, principalmente em um cenário agravado pela pandemia ocasionada pela covid-19.”

A nota ainda fala que após as 18 horas, o TRT emitiu despacho designando uma audiência de conciliação e instrução para a segunda-feira (24) às 10h30.

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