IDR-PR promove curso com técnica para melhorar imagem da araucária entre produtores

Ao longa da sexta-feira (5) o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), polo de Pato Branco, recebeu técnicos de toda a regional para a participação de um curso com o objetivo de ensinar a técnica de enxertia, utilizada para produzir pinhões com características ideais para o mercado consumidor.

Com a realização dessa técnica, abriu a possibilidade de selecionar araucárias de matrizes com as características desejadas para consumo, ou seja, é possível fazer escolhas como a época de produção da árvore, a produtividade, tamanho e também formato do pinhão.

De acordo com a gerente regional de extensão do IDR-PR, Rosane Dalpiva Bragoto, a ideia do projeto é verticalizar e profissionalizar a produção de araucárias na região, onde vários produtores usam o pinhão de forma explorativa e não organizada em termos de plantio. “Se pensar em termos de produção, ele vai no mato na época da produção e colhe, sobe nos pés, derruba as bochas e comercializa”, aponta.

A gerente destaca que, além da tecnologia inovadora de enxertia, outro objetivo é acelerar o processo de produção, diminuindo o tempo de início de produção da araucária para viabilizar a renda do produtor e organizar o sistema produtivo.

“Dentro desse projeto também é viabilizar a renda por área, nós temos outras alternativas como é a erva mate que pode ser implantada junto com as duas culturas conduzidas no mesmo sistema, na mesma área, fazendo intercalação”, afirma Rosane, destacando a importância de tecnologias e profissionalização da cultura para diminuir a crença de que plantar a araucária pode trazer problemas. “A legislação hoje permite, desde que você faça um plano de trabalho de implantação e registro dessa lavoura, dispor da forma como quiser, como uma lavoura comercial, embora a araucária continue na lista de espécie em extinção”, complementa.

Símbolo do Paraná

Para Rosane, a escolha da araucária e também da erva mate para a realização desse projeto aconteceu por ambas as espécies fazerem parte de culturas florestais e com uso interessante para os agricultores em termos econômicos, “além disso, é o resgate da nossa história quanto Paraná. Nosso brasão foi formado por um ramo de erva mate e um ramo de araucária, então é um resgate tradicional, podendo explorar sem destruir a planta”.

O engenheiro agrônomo Avner Paes Gomes também cita a araucária como símbolo do estado, chamando a atenção para o fato de que a espécie continua em ameaça de extinção, trazendo grande apelo. Com isso, o projeto deve diminuir o estigma dos produtores de que não é viável plantar a araucária. “Hoje se fala em araucária, que o pessoal tem dificuldade de cortar a árvore quando adulta, então se fala que se viu uma, não deixe crescer, porque depois não consegue tirar. Então estamos tentando tirar esse conceito”, aponta. O engenheiro complementa que existe atualmente uma legislação que permite cortar a árvore que não é nativa e que tenha o plantio registrado.

Técnica de enxertia

De acordo com Avner, o objetivo do projeto é aproveitar a modernização da legislação, em conjunto com o simbolismo do produto regional, para selecionar matrizes de boa produção e conseguir uma cadeia reprodutiva da araucária voltada para a comercialização do pinhão.

O engenheiro explica que a técnica é a mesma usada com outras frutas, “muito parecido com a técnica utilizada nos cítricos, mas com algumas diferenças sobre o tipo de planta, ou seja, com diferenças fisiológicas, a técnica é feita a partir do corte do pedação da matriz e cortar no porta-enxerto”.

Para Avner, com o preço da muda enxertada da araucária muito alta, é esperado que a difusão da tecnologia reduza o valor e melhore a adesão dos produtores.

Com o uso da enxertia, a produção do pinhão pode acontecer com 6 anos após o plantio, explica o engenheiro, sendo que a araucária encontrada atualmente leva entre 12 e 15 anos para começar a produzir. “Esse é o atrativo para que o produtor faça a adesão da tecnologia, além da possibilidade de cortar a árvore futuramente, caso seja desejado”, destaca.

Para chegar ao resultado esperado, os profissionais estão utilizando árvores de matrizes que deem frutos de acordo com o que desejam, ou seja, “os frutos são iguais aos da matriz que for coletada, vamos buscar árvores que produzam bastante, com pinhão grande, já que esse processo é um clone e o resultado será igual”.

Já a questão da ameaça de extinção não será resolvida com as medidas do projeto, já que a técnica busca apenas melhorar a imagem da araucária perante o produtor. “Para tirar da lista de espécies em extinção seria necessário abordar outras medidas de conservação”, aponta o engenheiro, complementando que “digamos que com esse projeto estamos tirando ela da floresta e colocando em um pomar”.

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