No ano passado, o evento climático mais citado pelas administrações locais foram queimadas (49,4%), seguidas por condições climáticas extremas, como secas e enxurradas, (40,9%) e falta de saneamento (31,5%). Em 2017, última vez em que os dados ambientais foram aferidos, os problemas mais citados foram condições climáticas extremas (46,0%), a falta de saneamento (36,5%) e as queimadas (33,0%).
“Ou seja, as queimadas passaram de terceiro evento mais relatado a primeiro nestes últimos anos, mostrando o agravamento do problema”, afirmou a gerente de estudos e pesquisas da Coordenação de População e Indicadores Sociais do IBGE, Vânia Pacheco.
De acordo com os resultados da Munic, 66,2% das municipalidades relataram a ocorrência de algum impacto ambiental nos 24 meses anteriores à coleta das informações. A maior parte desses municípios fica na Região Norte (78,0%) e na Região Centro-Oeste (69,2%). Nelas, ficam os biomas brasileiros mais visados, a Amazônia e o Cerrado. A maior parte desses municípios fica no Norte.
A pesquisa revela também um aumento das ocorrências de desastres naturais. São fenômenos climáticos potencializados pela ação do homem, como o desmatamento e a queima de combustíveis fósseis. Os episódios de seca, por exemplo, passaram de 2.706 (48,6%), em 2017, para 2.916 (53,4%), em 2020. As enxurradas ou inundações bruscas foram de 1.590 (28,5%) para 1.712 (31,3%) no mesmo período. Enchentes e inundações graduais passaram de 1.515 (27,2%) para 1.792 (32,8%). E alagamentos de 1.729 31,0%) para 1.958 (32,8%).
Impacto da covid-19
A Munic também fornece um retrato impactante da disseminação do Sars-CoV-2. A pandemia alcançou 99,7% dos mais de cinco mil municípios brasileiros. Em 93,8% das cidades com casos relatados, houve internações, sendo que, em 88,8% deles, ocorreram óbitos.
“O número de mortes registrado pela covid-19, superior a 600 mil, é muito impressionante, claro”, constatou Vânia Pacheco. “Mas quando olhamos para um país com um território tão extenso quanto o nosso e vemos que praticamente todos os municípios registraram pelo menos um caso, percebemos o alcance da doença.”
Dos 5.109 municípios onde foram necessárias internações por covid, 23,6% informaram que o número de doentes ultrapassou a capacidade de leitos comuns e de UTIs públicos e privados disponíveis. Cerca de 58,2% precisaram ampliar o número de leitos, 12,3% instalaram hospitais de campanha, e 91,6% encaminharam pacientes para outros municípios.
Quase todas (98,6%) as prefeituras (5.393) adotaram alguma medida de isolamento social, por meio de decreto ou de orientação à população. Outra medida adotada por praticamente todos os municípios (94,5%) foi o uso obrigatório de máscaras. A desinfecção de bairros e locais públicos foi realizada por 78% das administrações. E em 76,0% dos municípios foram implantadas barreiras sanitárias nas vias de acesso às cidades.
“Dada a confusão que se instalou no País, é surpreendente constatar que praticamente todas as prefeituras adotaram medidas de isolamento e uso de máscara para proteger sua população”, constatou a pesquisadora.
A Munic trouxe ainda dados sobre administração municipal, número de funcionários públicos, sistemas de transporte, entre outros. O IBGE divulgou também a Pesquisa de Informações Básicas Estaduais (Estadic), que apresentou um retrato similar das administrações estaduais.
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