Ricardo Amorim palestra no Ação Summit 2024 em Pato Branco

A presença de Ricardo Amorim no Ação Summit, realizado pela Associação Empresarial de Pato Branco, atraiu mais de mil pessoas interessadas em obter um panorama atualizado da economia brasileira e as perspectivas para o futuro. Amorim, um dos 100 brasileiros mais influentes, destacou pontos positivos e alertas importantes para o país.

Boas e Más Notícias para a Economia Brasileira

Durante sua apresentação, Ricardo Amorim ressaltou que o Brasil vem se beneficiando dos ventos favoráveis da economia global, mas alertou que o futuro do país depende das decisões cruciais do Governo Federal nos próximos dias. “Sem uma reforma fiscal profunda, que reduza significativamente os gastos públicos, o país corre o risco de perder as conquistas econômicas recentes”, afirmou Amorim.

Entrevista: Riscos e Oportunidades

Amorim conversou com jornalistas em um formato “ping-pong”, detalhando os desafios e oportunidades para a economia brasileira. Confira os principais pontos:

Pergunta: O que teremos nesta noite em relação à economia brasileira?
Ricardo Amorim: “Quero demonstrar que o Brasil viverá semanas determinantes. Há quatro anos, nossa economia cresce mais do que muitos imaginam, mas esse crescimento está em risco. A alta do dólar, devido às preocupações fiscais, pode gerar inflação, elevação dos juros, e retração no crédito. Se o governo não agir com um plano fiscal sólido, com corte de gastos de pelo menos 0,5% do PIB, podemos perder esse momento favorável.”

Pergunta: O ciclo positivo de empregos no Paraná e em Pato Branco está em risco?
Ricardo Amorim: “A curto prazo, não. O Brasil é o líder do G20 na criação de empregos formais pelo terceiro ano consecutivo. O Paraná destaca-se ainda mais pela gestão eficiente e o agronegócio. Pato Branco também mostra força, especialmente nos setores de agro, tecnologia e saúde. No entanto, se o governo não adotar medidas fiscais adequadas, a desvalorização da moeda e o aumento dos juros podem ameaçar esse ciclo.”

Pergunta: O Governo está tomando as medidas necessárias?
Ricardo Amorim: “Acredito que sim, mas minha convicção é baixa. O Ministro da Economia, Fernando Haddad, tem mostrado intenções positivas, mas a decisão final é do Presidente Lula, que parece não estar totalmente convencido da necessidade de ajustes fiscais. Torço para que a decisão correta seja tomada, para o bem do país.”

Pergunta: Por que há falta de mão de obra mesmo com tantas vagas de emprego?
Ricardo Amorim: “Isso ocorre devido à legislação trabalhista rígida, falta de qualificação profissional e desincentivos ao trabalho, como o Bolsa Família. Programas sociais precisam ter portas de saída. Em muitos estados, há mais pessoas recebendo benefícios do que trabalhando, o que é insustentável.”

Pergunta: O Brasil é uma bomba-relógio?
Ricardo Amorim: “Sim, principalmente na Previdência. Vivemos mais e temos menos filhos, o que gera uma pressão insustentável no sistema previdenciário. O funcionalismo público também precisa ser repensado. Sem reformas estruturais, a economia enfrentará sérios problemas.”

Pergunta: A eleição nos EUA implica em que reflexos no Brasil?

Ricardo Amorim: O que devemos observar é se a decisão das eleições será rápida, independente do vencedor. Se houver contestação prolongada, isso criará um limbo geopolítico, o que não é bom para ninguém. Os Estados Unidos são um país influente, e qualquer incerteza por lá tem reflexos na geopolítica mundial.

Pergunta: E a reforma tributária, que saiu da pauta nacional?

Ricardo Amorim: O setor industrial, que hoje é prejudicado, será o grande beneficiado, economizando até R$ 500 bilhões por ano ao longo da implantação. Por outro lado, setores como o agro, o comércio e, principalmente, os serviços terão que arcar com mais tributos. É importante lembrar que o setor de serviços emprega sete a cada dez brasileiros, então precisamos alinhar esses custos de forma equilibrada. Ricardo Amorim também mencionou que a reforma tributária deveria estar em harmonia com as reformas fiscal e administrativa para garantir uma economia mais sustentável. “A reforma tem méritos, mas precisa ser ajustada para evitar problemas maiores”, concluiu.

você pode gostar também

Comentários estão fechados.