“Mesmo sendo a sétima Olimpíada, sempre dá um frio na barriga. E essa ansiedade é normal. Passa quando a disputa começa e acredito estar bem preparado e na briga por uma medalha. Acredito que minha experiência pode ajudar, principalmente por conta de ser um evento diferente no sentido que ninguém conseguiu treinar como antes, velejando na raia, por exemplo. Estou confiante de ter feito a melhor preparação possível. Agora é competir, jogar o jogo, que é o que a gente mais gosta”, disse o bicampeão olímpico.
Scheidt aproveitou ao máximo os 12 dias de aclimatação em Enoshima para a reta final de preparação para lutar pela quarta medalha na classe Laser (as outras duas foram conquistadas na Star). A partir deste domingo serão 11 regatas, 10 na fase de classificação e a “medal race”, programada para o dia 1.º de agosto, quando espera estar entre os 10 finalistas e na lutar pela sexta medalha olímpica.
Aos 48 anos, Scheidt vive um desafio diferente no Japão. “Com a idade, é preciso atenção especial com o tempo de recuperação e o maior risco de lesão. Se antes, com 20-30 anos, minha filosofia era fazer mais que os outros para que o resultado viesse como consequência, hoje em dia, meu volume de trabalho é bem menor, mas com qualidade e intensidade maior. Tem também as coisas simples, que muita gente negligencia, como alimentação regrada e sono. E por ter feito tudo isso sempre, ainda tenho chance de seguir usando meu corpo em alta performance. Ele me permite esse abuso, que são essas velejadas de Laser, que é um barco que exige muito da parte física”, contou.
O velejador explica porque segue em frente mesmo tendo uma carreira consagrada no esporte mundial, com cinco medalhas olímpicas e 14 títulos mundiais em duas classes, a Laser e a Star. “O que me motiva é a paixão pelo esporte. Não só velejar, mas competir, testar meus limites. O que estou fazendo na Laser, ninguém nunca fez e isso mostra para a juventude que os veteranos também têm muita lenha para queimar, que se cuidando e querendo muito, dá para velejar por muito tempo. No meu caso, é isso, a chama, a paixão, a vontade de tentar de novo e lutar”, garantiu.
No Japão, Scheidt enfrentará atletas até duas décadas mais jovens. Entre seus principais adversários estão o alemão Philipp Buhl, atual campeão, Matt Wearn, da Austrália, Sam Meech, na Nova Zelândia, e o francês Jean Baptist Bernaz, seu companheiro de treino nesse ciclo olímpico. “Acho que teremos dez a 12 atletas lutando pelas três medalhas e acredito que estou entre eles. A Laser é muito forte, com uma grande representatividade no mundo e é a classe na qual o velejador faz a diferença. Todo o material vai ser fornecido pela organização – vela, mastro e barco – então, o que conta é a maneira como se veleja, as escolhas táticas”, explicou o bicampeão olímpico.
Scheidt está envolvido com o movimento olímpico há 25 anos. Na estreia, em 1996, nos Jogos de Atlanta, ganhou a medalha de ouro, feito repetido oito anos depois, em Atenas-2004. Na Laser ainda tem uma prata (Sydney-2000), além de mais uma prata e um bronze na classe Star (Pequim-2008 e Londres-2012). No Rio de Janeiro, em 2016, ganhou a regata da medalha, mas terminou a competição na quarta colocação.
SUPORTE FAMILIAR – Além da confiança, Scheidt leva na bagagem para Tóquio o apoio e a torcida da mulher, a medalhista de prata na Laser Radial Gintare, e dos filhos, Erik e Lukas, que permanecerão em Torbole, na Itália, onde residem. “Esse companheirismo e essa torcida dentro de casa são ótimos. A Gintare sempre me apoia. É uma grande velejadora, viveu três Jogos Olímpicos e está do meu lado para o que der e vier. Os meus filhos também torcem muito”, contou. Erik, inclusive, já veleja e ficou no Top 20 no Mundial de Optimist, no início de julho, na Itália.
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