“No âmbito da covid-19, todas essas tratativas foram feitas exclusivamente na Secretaria Executiva”, disse Dias. O ex-diretor, que é ligado ao atual líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), foi demitido na semana passada em meio às suspeitas de corrupção na pasta.
No depoimento, Dias citou que Élcio centralizou as negociações de vacinas no início do ano. Como revelou o Estadão, em 29 de janeiro, Elcio, que era secretário executivo do ministério, enviou ofício a 16 secretarias e diretorias do ministério, dando ciência sobre a concentração das ações.
Dias também afirmou que não cabia ao seu departamento, mas à Secretaria Executiva, fazer uma pesquisa de preço para saber se o valor cobrado pela Covaxin estava em acordo com o mercado internacional. Como revelou o Estadão, o preço aumento de US$ 10 para US$ 15 por dose durante as negociações. O custo por unidade da vacina indiana é o mais alto dentre os imunizantes comprados até agora pelo governo.
“No caso de vacinas covid-19, esse preço já havia sido aferido pela Secretaria Executiva (comandada por Élcio Franco). O Departamento de Logística não participou de nenhuma execução, de nenhuma negociação”, afirmou em referência a negociação pelo imunizante indiano.
O Tribunal de Contas da União (TCU) cobrou na segunda-feira, 5, do Ministério da Saúde uma série de explicações sobre a compra da Covaxin, entre elas o motivo do aumento no preço e a ausência de tentativas de negociação.
O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), anunciou que o colegiado vai convocar novamente Élcio Franco para depor e também sugeriu uma acareação com Dias. O ex-secretário já havia sido ouvido no início de junho, antes do colegiado focar em irregularidades na compra da vacina indiana.
Para o senador do MDB de Alagoas, embora haja suspeitas sobre Élcio, avaliou que Dias não foi convincente ao dizer que não participava do processo de negociação de vacinas. “As mensagens de e-mails e atuação dos vendedores de vacina demonstram que ele participava das negociações diretamente. O depoente, inclusive, recebeu proposta de venda de vacinas para o governo federal por e-mail e, depois, entrou em contato diretamente com o empresário para tratar do assunto”, escreveu o relator em sua manifestação sobre o depoimento.
Procurado, Élcio Franco não respondeu aos questionamentos da reportagem.
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