Serão cinco dias de festa, com shows acontecendo simultaneamente em seis espaços, todos com cenografia temática e inspirada em ícones da arquitetura paulistana, como a Catedral da Sé e a Estação da Luz. “A grande personagem, na verdade, é a cidade de São Paulo”, comenta Medina, que se encontra nesta sexta, 16, com o prefeito Ricardo Nunes para assinar o contrato de aluguel do autódromo para os anos de 2023, 2025 e 2027.
Para a primeira edição, o investimento inicial será de R$ 240 milhões, sem o uso de leis de incentivo. Os cinco dias do evento deverão gerar um ganho econômico de R$1,2 bilhão aos cofres públicos, além da geração de 20 mil empregos.
Uma das primeiras medidas será a adequação do autódromo. “Em 1984, quando preparei o primeiro Rock in Rio, ficou claro que necessitaria de um ambiente muito sofisticado e seguro, pois o interesse é atrair famílias”, explica Medina, apontando alguns dos ajustes necessários, como a construção de banheiros e instalação de grama sintética com rápida drenagem. A área gastronômica também promete ser requintada, assim como o espaço reservado para os Vips. “Será um parque temático da música e boa parte das adaptações será definitiva e poderá ser usada por outros eventos em Interlagos.”
Para os shows, os palcos serão criados sob a inspiração da história e da arquitetura de São Paulo. Assim, a imagem que aparece nesta página mostra a maquete do palco que reproduz uma praça e vai celebrar os anos de ouro, 1950 e 1960. “Vai ser o encontro das big bands com o som do metal – nosso plano é mostrar a mistura do som melódico com a batida mais moderna”, conta Medina.
Outros espaços vão celebrar a zona Industrial de São Paulo (com destaque para o hip-hop), além de uma área dedicada à música eletrônica, outra, denominada Stage 1, para shows mais intimistas, também um espaço para bandas novas, além, é claro, do palco principal, onde quatro grandes nomes da música vão se apresentar diariamente. “Nossa intenção é buscar as figuras mais expressivas do momento”, explica Medina, lembrando que alguma repetição de nomes será inevitável. “No metal, por exemplo, não é grande o número de bandas capazes de atrair um público de 100 mil pessoas. Mas é uma audiência fiel: se você programar shows do Iron Maiden uma vez por mês, vai sempre lotar.”
Medina pretende projetar para o The Town experiências como as realizadas no Rock in Rio, que teve o Espaço Favela, ou seja, áreas reservadas a pontos marcantes na história da cidade. “É uma oportunidade de também valorizar a população daquele espaço, que também poderá trabalhar no evento”, conta o empresário, que considera essencial associar a diversão a projetos sociais.
O Rock in Rio, por exemplo, se baseia em seu conceito “Por um Mundo Melhor” para práticas como redução e reutilização de resíduos produzidos durante o evento. “Projetos sociais não são mais opcionais, pois a humanidade passa por momentos complicados e The Town não ficará de fora – vamos pensar em algo envolvendo a Floresta Amazônica, que poderá se chamar Projeto Uirapuru”, comenta o empresário, que há muito sonhava organizar uma programação na capital paulista.
“Depois do Rio, fiz eventos em Portugal, Espanha e Estados Unidos, mas faltava São Paulo, que, além de ser polo industrial do Brasil, tem um público ávido por cultura”, observa Medina, lembrando que, na última edição do Rock in Rio, em 2019, cerca de 200 mil paulistas compareceram. “São Paulo também abre mais facilmente as portas para o mundo, servindo de atração para visitantes de outros países. É uma cidade inspiradora e cosmopolita, além de pronta para sediar um evento desta magnitude.”
Alguns problemas inerentes da capital, porém, provocaram alterações no plano. O trânsito habitualmente complicado às sextas-feiras em São Paulo, por exemplo, convenceu o empresário a distribuir os cinco dias de shows em três finais de semana: serão três sábados e dois domingos. “Isso implicou um aumento dos custos, mas optei por isso para oferecer mais conforto ao público que teremos, calculado em 105 mil pessoas por dia.”
Medina conta que o line-up do festival deverá ser montado um ano antes, ou seja, em setembro do próximo ano. “É quando os artistas e as bandas já estão com suas agendas mais definidas”, explica ele que, em outubro, vai anunciar mais detalhes do The Town – antes, em agosto, divulgará como será o Rock in Rio de 2022, que passará a acontecer em anos pares. “Será um dos melhores”, promete.
A maior agilidade para montar hoje as programações contrasta com o início da carreira de Medina no show business – publicitário de sucesso, ele decidiu, em 1984, criar o Rock in Rio. Mas, apesar de contar com US$ 50 milhões, não obtinha sucesso: em 60 dias, recebeu negativas de 70 músicos e bandas.
O Brasil não tinha tradição em grandes shows, o que aumentava a desconfiança. “Nem os funcionários da minha agência acreditavam”, lembra. A solução veio quando aquele velho amigo, Frank Sinatra, colocou o próprio relações-públicas, Lee Solters, nas negociações, que ajudou a vender a ideia do maior show de rock do mundo no Brasil. A imprensa americana comprou a ideia e logo vários dos artistas que tinham recusado reconsideraram. “Agora, mesmo experiente, minhas pernas ainda tremem, como as do Sinatra.”
Números
– 240 milhões de reais é o valor inicial do investimento do projeto da primeira edição do festival
– 1,2 bilhão de reais é o ganho econômico projetado para os cofres públicos, segundo cálculos dos organizadores
– 20 mil empregos serão gerados para manter a estrutura do evento
– 105 mil pessoas por dia é a previsão de público para o The Town
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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