São José Operário e os Trabalhadores

Quinta-feira, 01 de maio, celebramos a feliz memória litúrgica de São José, esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, pais de Jesus de Nazaré e, concomitante o Dia do Trabalho. Um aspecto que caracteriza São José é a sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho.

Vamos ao Evangelho para contextualizar nosso primeiro parágrafo. O Evangelista Mateus faz as seguintes argumentações históricas de Jesus e seu pai, José, que significa “Deus acrescente”. “Dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. De onde tira ele seu saber e seus milagres? Não é ele o filho do artesão, do carpinteiro?” (Mt 13,54). Seus conterrâneos julgam conhecer a origem de Jesus subestimando a profissão de seu pai: Filho de um artesão, de um carpinteiro pobre, duma fabriqueta, de fundo de quintal, diríamos hoje, cuja fama é-nos desconhecida. Na realidade o ignora como o Redentor da humanidade. Em nome de uma origem modesta, rejeitam o mérito evidente. Mas ao rejeitá-lo, tropeçam e fracassam. Ao final da estranha biografia e de um rosário de questionamentos sobre o conterrâneo que ensinava na sinagoga, ele diz aos duvidosos sobre sua origem: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família” (v. 57).

 O tema do trabalho é uma questão social

Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo. Nossa reflexão se volta para os jovens e às pessoas que não tiveram oportunidades de estudo e/ou qualificações, sobremaneira, com a ascensão das tecnologias. Como superar tais desafios presentes no Sudoeste do Paraná, perguntemo-nos?

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Pensamentos e companhias

Pelo Paraná 03/05/25

O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?

A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é econômica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova “normalidade”, em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos tempos, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades.

 Dignidade, fruto da prece e do trabalho!

Muito oportunas são as palavras do Papa Francisco para esta data celebrativa e de reflexão, sobretudo, nos desafios contentes e permanentes de muitos povos em busca do seu espaço laboral: “A festa de São José Operário – também dia dos trabalhadores –, rezemos por todos os trabalhadores. Por todos. Para que não falte trabalho a nenhuma pessoa, e todos sejam justamente retribuídos e possam gozar da dignidade do trabalho e da beleza do repouso”. Peçamos a São José Operário que nenhum jovem, pessoa e família fiquem sem trabalho!

Dom Edgar Xavier Ertl – Diocese de Palmas-Francisco Beltrão

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