Após sete rodadas, o São Paulo tem apenas 19% de aproveitamento – 4 empates e 3 derrotas. A má campanha indica que algo precisa ser revisto no Morumbi. É o que pensam personagens importantes da história do São Paulo com os quais o Estadão conversou para tentar decifrar o mau momento da equipe.
Entre as observações feitas, a falta de um elenco forte para suportar o Brasileiro, o calendário apertado e a aposta em nomes experientes que estão no departamento de futebol do clube, como o próprio Muricy Ramalho, atualmente coordenador de futebol, foram algumas das sugestões dadas para tirar o time dessa incômoda situação.
“O São Paulo mostrou que não tem um grupo forte. Para ser campeão, você precisa mais do que um time, pois são muitos jogos. Outro fator é que o título do Paulista empolgou demais. Chega, já passou. A vida segue. E por último, entendo que alguns atletas estão abaixo do esperado”, afirmou Zé Sérgio, campeão brasileiro de 1977.
Ele recorda que naquela campanha, em seu segundo ano como profissional, o São Paulo tinha um treinador experiente – Rubens Minelli, que vinha de dois títulos conquistados com o Internacional – e dois jogadores que fizeram a diferença pela experiência: “A liderança do Chicão no meio-campo e o Waldir Peres no gol”, diz o ex-jogador, hoje com 64 anos.
Para Wagner Basílio, que participou do título brasileiro de 1986, bom elenco o São Paulo tem sim. “O São Paulo tem jogadores experientes como Miranda, Arboleda, Daniel Alves e Hernanes e uma molecada boa. O que precisa é conversar para reagir logo”, aconselha. O ex-zagueiro de 61 anos, que se recupera de um transplante de rim, aponta o calendário como um dos culpados do mau rendimento do time. “São muitos jogos. No Paulista, o time jogou dia sim, dia não. Os jogadores não aguentam. Aí vem desfalques por contusão, convocação de atletas importantes. Isso pesa.”
Ricardo Rocha, acostumado à disputa de títulos e a enfrentar pressão quando as coisas não iam bem em seus tempos de jogador, enxerga o restante do Brasileiro como de recuperação e indica a competição na qual a equipe deve manter o foco para levantar mais uma taça.
“O Brasileiro é difícil. Para você emendar uma reação e buscar o título, da maneira que está, eu não acredito”, diz o campeão brasileiro de 1991. “Mas acho que a Copa do Brasil, por ser eliminatória e mais curta, é bem interessante. O Paulista foi importante para tirar a pressão do jejum. Agora, tem de reagir. Se chegar ao fim do primeiro turno lá embaixo, as coisas começam a se complicar.”
Um dos homens de confiança da comissão técnica tricolor na fase do tricampeonato nacional conquistado entre 2006 e 2008, o preparador físico Carlinhos Neves considera que o sucesso naquele período foi resultado da força do conjunto. “Funcionava tudo em sintonia. O trabalho do Muricy, a captação de reforços com o Milton Cruz, a diretoria que sempre nos ouvia, o empenho dos jogadores. As peças eram trocadas e o time foi se reinventando.”
Para ele, a recuperação do São Paulo pode passar mais uma vez por Muricy Ramalho. “Acredito que devem estar ouvindo o Muricy. É uma ferramenta primordial. A reação passa pelos resultados. Voltando a vencer, vem a confiança. O elenco tem atletas experientes que podem ajudar. O time tem condições de sair dessa.”
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