Novo tipo de implante ajuda no tratamento da endometriose

Dispositivo subcutâneo restabelece o equilíbrio hormonal e traz mais qualidade de vida às mulheres

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 190 milhões de mulheres em todo mundo tenham endometriose. Desse total, cerca de 7 milhões são brasileiras e mais da metade que têm a enfermidade relatam dores recorrentes em forma de cólica, fadiga, diarreia ou dificuldade para engravidar.

Os custos anuais para tratamento da endometriose na Europa variam de 800 milhões a 12 bilhões de euros, a depender do país, e são comparáveis a outras doenças crônicas como diabetes, segundo a OMS. No Brasil, o SUS realiza exames que detectam a doença. Porém, na maioria das regiões, é necessário entrar numa fila de espera e não há estimativas de gastos anuais.

Depois de atender centenas de pacientes, por vários anos seguidos e que relataram esses incômodos – comuns em mulheres em idade reprodutiva – o ginecologista e obstetra curitibano Rodrigo Berger foi em busca de nova alternativa no Brasil.

Após analisar as regras dos órgãos fiscalizadores nacionais, fazer inúmeras pesquisas e testes clínicos, ele criou um novo dispositivo subcutâneo – não absorvível pelo organismo – capaz de regular os hormônios femininos de maneira individualizada e usando menos fármacos do que os métodos tradicionais.

Todas as investigações científicas serviram como embrião para o surgimento do Grupo Medless (junção em inglês de menos medicamentos), hoje com três anos de atividades e cerca de 16 mil pacientes atendidos no Brasil e no exterior.

Diferenciais

Ao contrário dos tratamentos hormonais realizados pelos contraceptivos comuns, a solução desenvolvida pela Medless libera ativos de forma contínua, prolongada e com menos impacto ao organismo. A eficácia da liberação medicamentosa pelo dispositivo foi comprovada por um estudo científico, realizado em parceria com laboratórios privados.

Os dispositivos dérmicos não absorvíveis da Medless são tubos cilíndricos de silicone de alta pureza e com até 4 cm de comprimento. Eles são implantados debaixo da pele – com o auxílio de um instrumento também criado pela empresa – e permanecem ali por até 12 meses liberando pequenas quantidades do fármaco, prescrito anteriormente pelo médico da paciente. Outro diferencial do dispositivo é que ele foi criado a partir de um polímero de silicone exclusivo, que facilita a sua retirada.

“Isso traz mais comodidade à paciente que não ingere a medicação por via oral e nem se preocupa com a periodicidade do remédio. Como a dose é menor, feita de acordo com a necessidade individual de cada pessoa e a liberação das substâncias acontece diretamente na corrente sanguínea, evita-se problemas no sistema digestivo, hepático e demais efeitos colaterais”, destaca Berger, que também é especialista em tratamentos de trombofilia e gestação de risco.

Tanto os implantes da Medless, quanto o aplicador e os materiais utilizados nos procedimentos clínicos são configurados como produtos manipulados, seguem o que determina a RDC-67 que rege a farmácia magistral no Brasil, com os padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O que é a endometriose?

A doença é uma modificação no funcionamento normal do organismo em que as células do tecido que reveste o útero (endométrio), em vez de serem expulsas durante a menstruação, se movimentam no sentido oposto e caem nos ovários ou na cavidade abdominal, onde voltam a multiplicar-se e a sangrar. As causas da enfermidade ainda não estão totalmente estabelecidas.

Entre os sintomas comuns estão as cólicas durante o período menstrual, dores nas relações sexuais, sangramento, sensação de fadiga, desarranjo intestinal e dificuldade para engravidar. O exame ginecológico clínico é o primeiro passo para o diagnóstico, que pode ser confirmado por exames laboratoriais e de imagem. Porém, o diagnóstico de certeza depende da realização de biópsia.

“Esse tratamento com implante é indicado às mulheres que sentem dores na cavidade abdominal, têm doenças crônicas – como a endometriose ou a síndrome do ovário policístico – ou que precisam repor hormônios na menopausa. Ele não é não é indicado puramente às questões estéticas”, alerta Berger. O especialista enfatiza que a colocação, o acompanhamento e a retirada do implante devem ser feitos somente por especialistas devidamente capacitados.

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