Regeneração óssea na implantodontia

Dentista fala sobre a técnica e explica como ela pode contribuir para recuperar a perda óssea em diversas situações

Após extrair dentes perdemos osso, isso é inevitável, e a cada ano essa perda óssea se acentua. Você sabia que é possível tratar esse problema bucal utilizando membranas no momento do extração dentária? Conversamos com a dentista especialista em implantodontia, Karina Sebben, que explicou sobre a técnica chamada regeneração óssea guiada (ROG).

Segundo ela, a utilização de regeneração tecidual tem sido amplamente empregada na odontologia nas mais variadas situações clínicas. A evolução dos biomateriais revolucionou os tratamentos em locais antes impossíveis de se instalar implantes. Além de apresentarem menor custo, tempo de tratamento e morbidade.

Conheça um pouco mais sobre o tratamento na entrevista!

1) O que é regeneração óssea guiada?

R:. É uma técnica cirúrgica cuja finalidade é evitar a perda óssea ou mesmo recuperar em muitos casos o osso que foi perdido quando somos submetidos à extração de um ou mais dentes.

2) Sempre se perde osso após extração?

R:. A maioria dos dentes que são removidos deixam perdas ósseas como sequelas. Muitos fatores contribuem para que estas sequelas sejam maiores ou menores: dentes fraturados, dentes com lesões crônicas, dentes deslocados do centro da arcada etc., são alguns exemplos de causas que deixam sequelas por grandes perdas ósseas após extrações.

3) Sempre o Cirurgião-Dentista deve usar a regeneração óssea guiada?

R:. O Cirurgião-Dentista não sabe exatamente a quantidade de osso que será perdida após a extração do dente, principalmente nos casos onde haja presença de complicações que já comprometeram o osso que suporta o dente. Deste modo, para se evitar uma perda ainda maior de osso, a regeneração óssea guiada é uma técnica que pode ser empregada em quase todos os casos de extração.

4) O que acontece se a regeneração óssea não for feita?

R:. Sempre há perda óssea após uma extração e dependendo da quantidade de osso que vai permanecer depois da extração, o cirurgião-dentista não conseguirá restabelecer convenientemente a função e nem a estética daquela área afetada pela remoção do dente.

5) O que precisará ser feito na área que o osso foi perdido?

R:. Normalmente quando há perda óssea o Cirurgião-Dentista terá que recorrer às técnicas cirúrgicas mais agressivas, como por exemplo enxertos ósseos.

6) Como é feito o enxerto?

R:. Os enxertos podem ser feitos com osso removido do próprio paciente e transferido para a região onde ocorreu a perda (osso autógeno), é o melhor enxerto, porém nem sempre temos condições ideais para utilizá-lo; e este procedimento exige que o profissional seja um especialista na técnica, pois são procedimentos na grande maioria das vezes complexos. São duas cirurgias: uma para remoção de osso (área doadora) e outra para receber o osso (área receptora). Dependendo do defeito a ser corrigido, os enxertos podem ser removidos dos ossos da boca, mas nem sempre o paciente apresenta áreas doadoras em quantidade e qualidade ósseas suficientes. Quando isso ocorre, é preciso remover osso de outra parte do corpo. As áreas mais comuns nestes casos são: a crista do osso ilíaco (o osso da bacia) ou da calota craniana.

Pode-se recorrer também a enxertos ósseos de animais (xenógeno), sendo os mais utilizados o osso bovino ou equino. Também podem ser usados substitutos ósseos, que são materiais sintéticos, ou seja, produzidos em laboratórios (biomateriais).

7) O enxerto pode ser evitado?

R:. Depende de quanto osso existe suportando o dente que será removido. Quando a regeneração óssea guiada (ROG) é feita no momento que se faz a extração, esta perda pode ser na grande maioria dos casos evitada ou minimizada. Alguns pacientes, mesmo sendo submetidos à ROG, somente poderão ser reabilitados por meio de enxertos.

8) Como é feita a Regeneração Óssea Guiada?

R:. Logo após a extração do dente, uma minuciosa limpeza é feita na cavidade onde estava o dente, para remover focos de infecção, restos de raízes, presença de corpos estranhos, etc., para não comprometer a formação óssea. Em seguida, o cirurgião inspeciona cuidadosamente se houve o completo preenchimento com sangue a cavidade. Feito isso, o cirurgião- dentista protege a cavidade deixada pela remoção do dente colocando sobre ela uma barreira de um biomaterial sintético, ou uma membrana de origem animal (p. ex. suína), ou uma membrana com derivados sanguíneos do próprio paciente (L-PRF). Estas membranas tem o objetivo de cobrir todas os defeitos ósseos, formando um arcabouço que vai aprisionar em seu interior o sangue, para que seja formado um coágulo, que vai dar origem ao novo osso. A membrana evita que as células epiteliais presentes na gengiva tomem o lugar das células formadoras de osso.

9) O que é a membra de L-PRF?

R:. A membrana L-PRF ou fibrina rica em plaquetas e leucócitos, é um material de enxerto obtido a partir da centrifugação controlada do plasma sanguíneo, sem nenhum tipo de aditivo. Ela é capaz de liberar fatores de crescimento durante um período de tempo, o que contribui para o processo de cicatrização dos procedimentos odontológicos. A punção para coleta de sangue é feita na hora do procedimento, de forma rápida, segura e com baixo custo. Este enxerto transforma as células tronco em células específicas para a formação de osso ou gengiva, acelerando o processo de cicatrização, além de um pós operatório menos doloroso. Especialmente utilizada em cirurgias para instalação de implantes dentários, mas pode ser utilizada em extração de dentes terceiros molares, entre outros procedimentos.

10) Como é formado o novo osso?

R:. O novo osso será formado pelo povoamento do coágulo com células-tronco, que migram das paredes do osso vizinho ao defeito que se quer regenerar. Estas células serão estimuladas por substâncias químicas específicas, produzidas pelo nosso próprio organismo, fazendo com que elas se transformem em células produtoras de osso. Portanto, todo processo de formação do novo osso vai ocorrer de moda natural, ou seja, fisiologicamente. Em alguns casos enxertos ósseos são inseridos na cavidade da extração antes da membrana com o objetivo de formar lacunas de sustentação para ajudar na manutenção do arcabouço ósseo.

11) Em quanto tempo o osso é formado?

R:. A regeneração óssea guiada apenas com membranas, na grande maioria dos casos, após noventa dias o novo osso já está formado. Se associado ao enxerto ósseo, leva-se mais tempo para a maturação óssea, de 4 a 6 meses.

12) No local da extração poderá ser colocado um implante?

R:. Hoje a melhor indicação para restabelecer a função e a estética nos casos de extração é a colocação de um implante. Por isso a regeneração óssea guiada sempre deve ser feita quando um dente é removido, pois sem osso suficiente, não é possível a colocação do implante.

13) O custo deste procedimento é caro?

R:. Se formos levar em conta os benefícios conseguidos com a regeneração óssea guiada, o custo inicial não é caro. Todavia, se deixarmos o osso cicatrizar sem a ROG, e mais tarde quisermos recuperar este osso perdido, com as várias opções de enxertos ósseos, o valor será muito maior bem como o desconforto do paciente.

Karina Sebben, Especialista em Implantodotia, Prótese e Ortodontia CRO/PR 14228
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