Segundo Baldy, os trabalhadores demitidos teriam sido selecionados “para dar exemplo” e “de acordo com as equipes de operação”, por terem “incitado” a paralisação ou “prejudicado aqueles que desejassem ir trabalhar”. Nas redes sociais, o secretário publicou ainda que “a greve é um direito”, mas que não poderia haver “descumprimento de determinação quando uma equipe se ausenta 100% ou quando trabalhadores são impedidos de fazerem seu trabalho pelos colegas”.
Baldy afirmou que nenhum dos 120 operadores da CPTM das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade compareceram ao trabalho nesta terça-feira. Segundo determinação da Justiça do Trabalho, a greve da categoria deveria manter 70% dos profissionais durante os horários de pico e 50% nas demais horas, sob pena de multa de R$ 100 mil por dia. A medida, entretanto, não previa a demissão dos funcionários, caso fosse descumprida.
A greve foi convocada pelo Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil. Em nota de repúdio conjunta após a declaração de Baldy, outros sindicatos ferroviários, que não aderiram à paralisação desta terça, classificaram como “perseguição” a atitude do secretário que, segundo eles, teria o “claro efeito de ameaçar a categoria e impedir que os ferroviários exerçam seu direito”.
O boletim foi assinado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de São Paulo, pelo Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana e pelo Sindicato dos Engenheiros do Estado de São Paulo. As entidades também afirmam que estão à disposição “para as medidas cabíveis”.
Reivindicação salarial
Segundo Alexandre Múcio, diretor-geral do Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil, a categoria pleiteava os reajustes salariais referentes aos dois últimos anos, de 2019 para 2020 e do ano passado para este ano. Ele afirma que os funcionários não tiveram reposição desde o início da pandemia do novo coronavírus.
Duas propostas foram feitas para a categoria, ambas negadas em assembleia. Na primeira, o reajuste seria de 5% para o período dos dois anos. Na segunda, apresentada durante reunião nesta terça-feira com o Tribunal Regional do Trabalho, seriam dois reajustes, de 4% e 6%, mas o referentes aos meses corridos só começaria a ser pago a partir de 2022, em dez parcelas.
Com a negociação desta terça, a Secretaria dos Transportes Metropolitanos concordou em diminuir o número de parcelas referentes aos anos anteriores e antecipar o pagamento dos valores retroativos. Foi oferecido um reajuste de 4%, em agosto deste ano, referente a 2020; e de 6%, referente a 2021, a ser pago em janeiro de 2022.
O governo de São Paulo também se comprometeu a pagar em cinco parcelas (outubro, novembro, dezembro, fevereiro e março) todas as cláusulas econômicas.
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