Em abril, o presidente da República, Jair Bolsonaro, sinalizou que vetaria um projeto de lei que pune a discriminação salarial entre homens e mulheres, que acabou sendo devolvido para a Câmara dos Deputados.
No evento, Bianco disse que é fundamental para o Brasil ter políticas ativas de contratação de mulheres. “As mulheres são absolutamente competentes, muitas vezes mais que os próprios homens, com o perdão da brincadeira”, completou. Ele citou como exemplo políticas para tratar de maneira igual à licença maternidade a licença parental. “Não precisamos que as mulheres tenham punição para quem não contrata”.
Após a aprovação pelo Congresso, Bolsonaro disse que ia fazer uma “enquete” nas suas redes sociais para decidir se sancionava ou não a lei que pune empresas que pagarem menos mulheres em funções semelhantes à exercidas por homens com salários maiores. O projeto acabou voltando à Câmara sem ser sancionado pelo presidente.
A proposta determina que a empresa pague à empregada prejudicada uma multa de até cinco vezes o valor da diferença salarial em relação ao homem que ocupa a mesma função – o que abre possibilidade de que o valor seja menor.
Defensores da igualdade salarial argumentam que a aprovação do projeto é um passo importante para melhorar a representatividade das mulheres no mercado de trabalho.
Na pandemia, a taxa de participação das trabalhadoras, que já era inferior à dos homens, caiu a 45,8%. Isso significa que menos da metade das mulheres estão em atividade, seja trabalhando, seja buscando emprego.
Uma pesquisa publicada no ano passado pelos economistas Beatriz Caroline Ribeiro, Bruno Kawaoka Komatsu e Naercio Menezes Filho, do Insper, comparou a remuneração de trabalhadores segundo gênero, raça, escolaridade e tipo de instituição de ensino frequentada (público ou privada).
Um homem branco que concluiu o ensino superior em instituição pública teve média salarial de R$ 7.891,78 entre 2016 e 2019, contra R$ 4.739,64 no caso de mulheres brancas na mesma situação, R$ 4.750,58 de homens pretos e pardos e R$ 3.047,01 de mulheres pretas e pardas.
Em uma análise por ocupação, a equipe do Insper detectou que médicos brancos ganhavam mais que o dobro de médicas brancas. O padrão se repetiu, com diferentes proporções, em outras áreas, como engenharia e arquitetura, professores, administração e ciências sociais. Em geral, a situação da mulher negra é ainda pior em termos de remuneração.
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