A reportagem do Estadão esteve na Ariake Yume-no-Ohashi, também chamada de Grande Ponte dos Sonhos. Havia muita gente, mas jornalistas estrangeiros são proibidos de entrevistar moradores locais como parte das regras para conter a disseminação do novo coronavírus.
Ainda dentro dos protocolos sanitários estabelecidos pelo governo da capital japonesa, a orientação é que os visitantes não fiquem próximos uns dos outros ou até mesmo parados diante da chama. A ordem de ver rapidamente a pira, tirar uma foto e continuar circulando, no entanto, não é respeitada pela maioria das pessoas.
O público que passou a visitar a ponte Ariake Yume-no-Ohashi nos últimos dias é variado. São esportistas que praticam exercícios no parque que fica próximo do local, idosos, casais de namorados e até famílias inteiras com carrinhos de bebê. Além de procurar o melhor ângulo para selfie, muitos entregavam o celular para que a pessoa ao lado manuseasse o aparelho e tirasse uma foto, o que também não é recomendado em meio à pandemia.
A chama ficará ali até o encerramento dos Jogos, no dia 8 de agosto. O local escolhido pelos organizadores para instalar a pira é estratégico. A região de Ariake abriga sete arenas que estão sendo utilizadas na Olimpíada, entre elas os espaços das provas de ginástica, tênis, vôlei e skate. Assim, a ponte Ariake Yume-no-Ohashi acabou desbancando outro cartão-postal da Baía de Tóquio queridinho dos japoneses nesta Olimpíada, que são os famosos arcos olímpicos flutuantes.
Pode-se dizer que a chama é ecologicamente correta também. Se ao longo da história o fogo olímpico já foi mantido em outras edições dos Jogos por propano, magnésio, pólvora, resina e até azeite de oliva, agora está sendo utilizado pela primeira vez o hidrogênio como fonte de combustível, com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes.
O hidrogênio foi escolhido pelos organizadores por não produzir dióxido de carbono quando queimado. O combustível foi desenvolvido por uma usina de energia renovável na região de Fukushima.
A pira olímpica foi projetada pelo arquiteto Oki Sato. Fechada, ela simboliza o Sol acima do Monte Fuji. Aberta, tem a forma de pétalas de uma flor, trazendo uma mensagem ao público de “vitalidade e esperança”, segundo os organizadores.
Mesmo com as milhares de fotos tiradas pelos japoneses na ponte Ariake Yume-no-Ohashi nos últimos dias, pesquisa publicada pelo jornal Nikkei na segunda-feira apontou que 37% dos entrevistados são favoráveis à proibição de público nas arenas, enquanto 28% acreditam que a entrada de torcedores nos locais de competição deveria ser liberada. Outros 31% disseram que a Olimpíada deveria ter sido adiada novamente ou cancelada.
Muitos japoneses se opõem à realização dos Jogos em meio à pandemia sob a justificativa de que a entrada de estrangeiros pode trazer variantes do novo coronavírus ao país. O governo metropolitano de Tóquio confirmou 1.429 novos casos de covid-19 na segunda-feira. São 702 a mais do que no mesmo dia da semana passada. O número total de infecções na capital japonesa ultrapassou a marca de 200 mil.
A Olimpíada ocorre em meio a um estado de emergência em Tóquio, no qual bares e restaurantes estão proibidos de servir bebidas alcoólicas depois das 19h e precisam fechar às 20h.
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