“A história da escolha do nome ‘Yaras’, da nova identidade, é uma história de coragem e coletividade das mulheres do rúgbi brasileiro. Uma história de reconhecimento que não foi pedido, foi conquistado. As atletas criaram um nome, um símbolo que representava o coletivo, criaram um uniforme de forma completamente independente e começaram a vender para trazer receitas ao grupo. Estamos agora dando o destaque para esse processo. Acredito que todos nós temos que reconhecer e honrar esse movimento”, explica Mariana Miné, CEO da CBRu.
A seleção feminina de rúgbi está classificada para os Jogos Olímpicos de Tóquio – a equipe masculina não obteve a vaga e acabou desistindo de disputar a última chance no Pré-Olímpico – e tem um currículo invejável na América do Sul, com 18 títulos continentais. Atualmente está na 12ª posição no ranking mundial e o time foi bastante reformulado em relação ao último ciclo olímpico, que contou ainda com jogadoras que ajudaram a construir essa hegemonia sul-americana.
Em 2013, as jogadoras adotaram o nome Yaras como apelido da seleção, mas sempre tiveram de jogar com o símbolo masculino no uniforme, o Tupi. Agora, elas terão uma nova identidade visual feita pelo designer Liam Piacente e uniformes confeccionados pela Kick Ball. E no escudo, o guerreiro Tupi deu lugar a Yara, que “na mitologia tupi-guarani, ela é filha de Pajé e temida guerreira que, para escapar da morte, se refugiou nos rios amazônicos. Por essa razão, é conhecida em partes do país como a ‘senhora das águas'”, diz a CBRu.
O vídeo manifesto das atletas, no qual a jogadora Beatriz Futuro faz a narração, reforça a importância desse movimento. “Yara para nós não é essa sereia que foi inventada: é a guerreira que existia desde antes de a gente estar aqui. E que existe dentro de nós. Nós, Yaras, reverenciamos quem veio antes de nós. Quem abriu as trilhas, quem construiu o piso onde erguemos nosso sonho. E reconhecemos também nossos novos ritmos, ciclos e risos. Sabendo que estamos abrindo portas para quem ainda nem sonha chegar aqui. Porque os rostos podem mudar, e as camisas podem passar de mão em mão. Não sabemos quem serão as Yaras de amanhã. Mas há coisas que nunca mudam, e é isso que vale ser celebrado. Mais importante que a luta em si é quem está ao nosso lado na luta.”
Para as jogadoras, essas mudanças são um marco no rúgbi brasileiro. “Esse reconhecimento é muito importante para esse grupo de mulheres que construiu identidade própria em um esporte que ainda é considerado essencialmente masculino”, afirma Isadora “Izzy” Cerullo, uma das jogadoras mais experientes e vitoriosas do atual elenco. A nova linha terá uniformes de jogo, de treino e de passeio, e em junho será lançada uma linha casual junto a um projeto especial voltado ao rúgbi feminino. Para adquirir é só procurar no site da própria CBRu.
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