O presidente de Israel, Reuven Rivlin, pode agora dar a um campo rival e eclético de partidos anti-Netanyahu a chance de formar um governo, o que pode tirá-lo do poder após 12 anos consecutivos no cargo. Seu partido, o Likud, é de longe o maior no fraturado cenário político de Israel, após conquistar 30 cadeiras nas eleições gerais de março. Apesar disso, ele não foi capaz de reunir parceiros de coalizão suficientes para comandar a maioria de pelo menos 61 cadeiras no Parlamento de 120 membros.
Netanyahu, de 71 anos, está no cargo desde 2009 e também atuou por três anos na década de 90. Ele tem lutado para manter o comando em quatro eleições inconclusivas desde 2019 e está sendo julgado por acusações criminais de corrupção que nega.
Passado o prazo da meia-noite, o presidente pode atribuir a tarefa de formar coalizão a outro membro do Parlamento. É amplamente esperado que seja Yair Lapid, de 57 anos, cujo partido centrista Yesh Atid ficou em segundo lugar, atrás do Likud de Netanyahu, na votação de 23 de março.
O partido de Lapid defendeu os contribuintes israelenses de classe média e pediu limites à autonomia concedida à comunidade ultraortodoxa de Israel – muitos dos quais estão isentos do serviço militar e estudam textos religiosos em vez de entrar no mercado de trabalho. Isso o tornou um inimigo dos partidos ultraortodoxos que há muito mantêm Netanyahu no poder.
O bloco de partidos de direita e religiosos judeus de Netanyahu não conseguiu ganhar a maioria, mas o mesmo aconteceu com um grupo opositor que, para derrubá-lo, teria de incluir seus rivais de direita, bem como adversários tradicionais de esquerda e de centro.
Ambos os lados cortejaram o apoio de partidos que representam a minoria árabe de cerca de 20% de Israel, potencialmente dando a eles participação em um gabinete pela primeira vez em décadas.
Naftali Bennett, líder do partido ultranacionalista Yamina, emergiu como um nome-chave. Bennett, de 49 anos, manifestou preferência por se juntar a Netanyahu, mas disse que buscaria uma parceria com os oponentes do primeiro-ministro para evitar uma quinta eleição.
A crise política acontece enquanto Israel reabre sua economia após uma rápida campanha de vacinação contra a covid-19 e enfrenta os desafios do programa nuclear iraniano.
Um acordo para um governo rotativo no qual Bennett e Lapid se alternariam como primeiro-ministro também foi amplamente discutido. Grande parte do impasse decorre dos problemas jurídicos de Netanyahu: alguns aliados em potencial prometeram não servir sob o comando de um primeiro-ministro que está sendo julgado.
Caso um novo candidato indicado por Rivlin não consiga formar uma coalizão dentro de 28 dias, o presidente pode pedir ao Parlamento que concorde com um candidato em três semanas. Se mesmo assim continuar o impasse, Israel realizará outra eleição. “Estamos 60% caminhando para outra eleição e 40% para um novo governo”, previu Yoav Krakovsky, correspondente de assuntos políticos da rádio pública Kan. (Com agências internacionais)
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