Braga também lembrou que Franco ordenou que fossem concentradas nele todas as tratativas para negociações de imunizantes contra a covid-19 um mês antes da assinatura do contrato para a compra da vacina indiana Covaxin, conforme revelou o Estadão/Broadcast. Em 29 de janeiro, o número 2 da gestão do ex-ministro Eduardo Pazuello enviou ofício a 16 secretarias e diretorias do ministério, dando ciência sobre a concentração das ações.
O senador disse haver indícios de uma “disputa interna” dentro da pasta, que tinha como alvo especialmente o departamento ocupado por Dias, demitido na semana passada após o policial Luiz Paulo Dominguetti o acusar de ter pedido propina numa negociação de vacinas, sem apresentar provas.
“É uma disputa interna. No mês de outubro do ano passado foi marcado por vários eventos em torno do cargo que o senhor ocupa. O senhor chegou a ser indicado para a Anvisa, retiraram a sua indicação. E no mesmo mês, o coronel Élcio teria pedido sua exoneração a Pazuello”, relembrou Braga, que citou ainda outra matéria do Estadão/Broadcast, que aponta as suspeitas levantadas num contrato assinado por Dias para compra de 10 milhões de kits de materiais utilizados em testes de covid-19.
Sobre o caso, Dias se defendeu afirmando ter apontado irregularidades no processo antes mesmo do despacho da Diretoria de Integridade do Ministério da Saúde. “Então por que o coronel Élcio toma medida para pedir sua exoneração?”, questiona Braga, que fica sem uma resposta do ex-diretor de Logística.
Nesse momento, o presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), também reforçou as dúvidas levantadas por Braga, afirmando que Dias teria “contrariado interesses” dentro da pasta, e por isso passou a ser alvo de denúncias.
“Houve interesse, e você tentando fazer o certo, feriu o interesse de pessoas mais graduadas que você no ministério. Vossa excelência contrariou interesses”, disse Aziz a Dias, que novamente afirmou não saber se isso realmente teria acontecido.
“Não consigo dizer se feri ou não feri interesses”, responde o ex-diretor de Logística. Insatisfeito com a resposta, Aziz afirmou então que “infelizmente” a CPI teria que acreditar na versão de Dominguetti. “Vamos ter que acreditar no acusador, vossa excelência poderia aqui dizer que interesse o senhor feriu”, insistiu o presidente da CPI.
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