Como o sr. vê a possível candidatura do ex-ministro e ex-juiz Sérgio Moro à Presidência em 2022?
Vejo de uma maneira muito positiva, entusiasmada, porque precisamos de lideranças naturais para se contrapor às candidaturas dos dois extremos, da direita e da esquerda. Como o Bolsonaro e o Lula, o Moro é uma liderança natural evidente. Não adianta querer fabricar líderes, ficar botando no jornal “procura-se um líder”, para resolver a candidatura do centro político. Hoje, não vejo ninguém no Brasil com as características que o Moro tem para entrar na disputa. A candidatura dele não é só possível como necessária, para ser uma opção aos que estão aí.
Considerando que Moro não tem experiência política e eleitoral, o sr. acredita que sua candidatura, se confirmada, vai decolar?
Um candidato não precisa ter experiência política e eleitoral. O importante para um líder é ter um projeto para o País. Não pode ser só um projeto anticorrupção. Tem de ser um projeto para tirar da miséria metade do povo brasileiro e promover a regeneração dos costumes políticos. Se não fizermos uma reforma política, acabando com a reeleição, propondo o voto distrital puro, eliminando os fundos partidário e eleitoral e acabando com as sórdidas emendas parlamentares, fica difícil levar adiante qualquer projeto. Temos de fazer uma nova Constituição, para que o Estado, que está degenerando o País, não atrapalhe mais o desenvolvimento.
A gente conhece as ideias de Moro nas áreas jurídica, de combate à corrupção e de segurança. Mas sabe pouco do que pensa sobre a economia. Isso não pode atrapalhar a candidatura?
Realmente, ninguém conhece as ideias dele para a economia. Nem eu, que o acompanho de perto, conheço as suas ideias, se tem uma postura mais liberal ou mais estatizante. Ele vai ter de se posicionar. Ele terá de se preocupar com as pessoas e não só com a evolução do PIB. Como eu falei, terá de se preocupar em alimentar o povo e acabar com a fome. Para isso, será necessário promover uma grande reforma do Estado, que desperdiça recursos com a manutenção de uma casta política e de uma casta de servidores. Hoje, gastamos mais de R$ 1 trilhão por ano só com a folha de pagamento dos servidores e temos um serviço público muito deficiente.
É possível haver uma união das forças de centro em torno de um candidato único?
Acredito que, se as forças que não têm ligação com os extremos não se unirem em torno de um candidato consistente já no 1.º turno, será difícil elas irem para o 2.º turno. Claro que é improvável ter só um candidato além de Lula e Bolsonaro. Mas é preciso ter juízo para livrar o País dessas duas perspectivas desastrosas, a da continuidade do atual governo e a da volta do governo corrupto e estatizante do Lula.
Como Moro não confirmou se será candidato à Presidência, é possível que se candidate ao Senado. Se isso ocorrer, quem deve receber o apoio dos lavajatistas?
Moro é, sem dúvida, o melhor nome para congregar as forças anticorrupção do Brasil na eleição presidencial. Na ausência dele, entre os que se propõem a ser candidatos, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que deverá disputar as prévias do PSDB, me parece o nome mais viável, não pela sua luta contra a corrupção, mas pela sua conduta como governante. O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também seria um candidato estupendo em defesa da moralidade pública, mas precisa de muito apoio para se viabilizar.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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