Entre os nomes convidados para a série, está Maitê Proença, de 63 anos, que lembra um dos primeiros livros que leu: Meu Pé de Laranja Lima, de José Mauro de Vasconcelos. “Mergulhei naquele mundo campestre”, afirma a atriz, em entrevista, por e-mail, ao Estadão. E completa, afirmando que “Monteiro Lobato também fazia parte da sua estante infantil”. E ela destaca a importância para sua educação, de como isso foi um espelho para ela, orgulhosa por dizer que seus pais liam muito em casa e que teve professores magníficos de literatura. Então, com tudo isso, “foi fácil gostar” de ler livros e ser conquistada por eles. Já o lado escritora, segundo ela, surgiu do acaso. “Estimulada por Domingos Oliveira (diretor), escrevi um pouco para peças de teatro que criávamos em grupo, sem perceber que estava fazendo dramaturgia. Mais tarde, recebi convites para escrever crônicas em jornais e revistas. Por fim, vieram as peças completas e os romances”, conta Maitê sobre sua trajetória, de atriz a escritora.
Autora de obras como Uma Vida Inventada, Maitê Proença integra a série do Futura exatamente por ser uma atriz que também é escritora. Como o canal tem um caráter educativo, ela reflete sobre formas de aproximar os jovens do mundo da leitura, algo complicado neste mundo que prima pela tecnologia. “Os jovens de hoje têm interesses muito diferentes dos de 20 anos atrás. É preciso olhar as suas questões mais íntimas e introduzir livros que toquem em assuntos que sejam de alguma forma relacionados com as questões atuais”, pensa.
Para ela, ainda nessa questão, é importante fazer o possível para “conseguir que eles experimentem sair da frente do computador para se concentrar por 20 minutos nas páginas de um livro”. Mas, em sua análise, Maitê tem claro também que a internet oferece muitas tentações e possibilidades de desvio para um iniciante. Segundo sua análise, “a literatura precisa de um mergulho inicial, mas depois ela atrai por si só e agarra o leitor”, afirma a atriz. “Tem muita coisa de qualidade para ser apresentada aos que nunca tiveram a experiência única da leitura, é só saber escolher.”
Atração de um canal por assinatura, o Futura, a série A(u)tores poderia muito bem ganhar outros palcos, outras mídias, pois é uma produção que pretende estimular a leitura e aproximar esses atores-escritores do espectador. Para o diretor Marcio Vianna, “um programa que apresenta trechos de textos literários, dos mais variados estilos, ainda com as interpretações de atores que sabem o que estão fazendo, deve sempre ter espaço na TV, na internet ou em qualquer lugar que encontre o público”. Dessa forma, será possível “aumentar os espaços para a discussão artística, para não perdermos nossa essência, pois, neste período de pandemia, principalmente, ter contato com a arte ajuda demais a equilibrar as emoções, manter o otimismo e ter fé no futuro”, conclui Vianna, que acredita ser possível haver novas produções semelhantes, com recortes diferentes, pois se trata de uma “ideia versátil”.
A(u)tores tem como primeiro convidado Lázaro Ramos, que já lançou livros adultos e infantis, e fará a leitura de trechos de sua obra Na Minha Pele, na qual compartilha suas experiências pessoais. Além do ator e diretor, entre outros nomes que participaram da série estão a cantora e poeta Elisa Lucinda, os atores Érico Brás, Stepan Nercessian, Gregório Duvivier, Adriano Garib, Rodrigo França, Anselmo Vasconcellos e Lourenço Marins e a atriz Renata Di Carmo.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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