Entre a produção de uma música e o lançamento de um disco, os personagens se divertem fumando, bebendo e até usando drogas mais pesadas – a chegada da cocaína às rodas musicais dos anos 80 é fartamente documentada no roteiro.
Para Barcinski, o pop brasileiro dos anos 70 e 80 é muito rico, com nomes como Gretchen, Sidney Magal e Black Juniors. “Esses personagens reais são mais interessantes que qualquer personagem de ficção – Magal, por exemplo, se ele não existisse e você o criasse como obra de ficção, diriam que era irreal”, comenta. “Um cara que veio da bossa nova, parente do Vinicius de Moraes e vira um cigano, é algo completamente bizarro e surreal, mas comum naquela época, quando o universo das gravadoras era praticamente um faroeste e onde qualquer pessoa com boas ideias ou com uma sacada genial podia fazer sucesso.”
O diretor Marcelo Caetano explica que enfrentou as mesmas limitações que os profissionais que atuavam no audiovisual dos anos 1970 e 80 no Brasil, com verba apertada e recursos financeiros escassos. “Quando fui convidado para fazer a série, uma história de época com baixo orçamento, não me baseei nas superproduções hollywoodianas, então minha referência principal foi o audiovisual brasileiro produzido naquele momento”, conta. “E o mais forte eram a pornochanchada e o cinema da Boca do Lixo. Assim, tentamos reproduzir essa ambiência, usando lentes que deformam, filtros que estouram as luzes. As cores não são organizadas, são caóticas. Enquadramentos estranhos, movimentos de câmera labirínticos e uso de espelhos.”
A trama conta ainda com ícones da cultura pop brasileira, como Maria Alcina interpretando a si própria como uma jurada do programa de auditório de Lobinho; o cantor Ovelha, como o dono de pousada; e o também cantor Edy Star, que vive o personagem Ivanhoé. “Queríamos homenagear essas figuras tão importantes”, diz Barcinski.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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