A UPA da cidade viu o número de pacientes intubados cair de um total de sete, em março, para zero neste primeiro terço de abril. A Santa Casa de Serrana, por sua vez, teve três intubações no mês passado, mas a última delas foi dia 18. Segundo Glenda Moraes, chefe da Vigilância Epidemiológica, os cinco pacientes do município que estão hoje na UTI do Hospital Estadual foram internados em março – não há novos casos graves em abril.
Outro indicativo de melhora foi a redução, na última semana, do número de atendimentos na UPA para covid-19 ou síndrome gripal, queda de aproximadamente 67%, em comparação com a média das semanas do mês de março. “Tínhamos em torno de 80 a 90 atendimentos por dia na UPA. Nesta semana, passou para, em média, 30 por dia”, explica Glenda. Quando a reportagem do Estadão visitou a unidade, na sexta-feira, dia 9, não havia nenhum paciente internado na enfermaria da ala covid – o quadro era o mesmo neste domingo, 11.
Glenda pondera, entretanto, que ainda é cedo para associar esse desafogamento do sistema municipal de Saúde ao Projeto S. “Precisamos aguardar mais um tempo para saber o efeito da vacinação em massa”, diz. Isso ocorre porque a resposta imunológica completa da vacina só ocorre duas semanas após a aplicação da segunda dose, e a cidade de Serrana foi dividida em quatro grupos – verde, amarelo, cinza e azul – vacinados alternadamente, em diferentes semanas.
A primeira fase do estudo, com a aplicação da primeira dose da Coronavac, foi finalizada no dia 14 de março, com a participação de aproximadamente 28 mil pessoas – o equivalente a 97,6% do público-alvo da pesquisa. Já a segunda dose começou a ser aplicada no dia 17 do mês passado, no grupo verde. Neste domingo, com a conclusão da vacinação do quarto e último grupo (azul), Serrana tem ao todo 27.160 mil habitantes acima de 18 anos completamente vacinados contra a covid-19 – equivalente a 95,7% do objetivo inicial da pesquisa.
Esse é o caso de Diego Braga, advogado de 28 anos que garantiu sua segunda dose e está esperançoso que, com o sucesso da vacinação em massa, Serrana possa retomar algumas atividades. “Acredito na ciência, nos fatos e no SUS”, afirma. Braga foi vacinado na escola em que estudou. “É uma gratificação voltar aqui e a escola estar a serviço desse projeto que vai beneficiar a cidade”, diz.
A partir de agora, os pesquisadores do Projeto S vão avaliar o impacto da vacinação em massa nos casos de internação, na mortalidade e na transmissão do novo coronavírus em Serrana. Segundo Marcos de Carvalho Borges, investigador principal do estudo, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, os primeiros resultados concretos começarão a ser divulgados pelo Instituto Butantan no meio de maio, mas os vacinados ainda serão acompanhados ao longo de um ano, para entender quanto tempo durará a resposta imunológica proporcionada pela Coronavac.
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