
Assembleia aprova paralisação
Em assembleia realizada na quarta-feira (10), os servidores da saúde de Pato Branco aprovaram, por unanimidade dos presentes, a deflagração de greve a partir da 0h de segunda-feira (15). Segundo o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Alberi Giacomelli, 94 trabalhadores assinaram a adesão ao movimento.
“Foi uma definição unânime. O prefeito enviou para a Câmara um projeto que prevê valor de R$ 3.500, mas isso trouxe grande defasagem em relação à insalubridade de médicos, enfermeiros e outros profissionais. Queremos uma nova proposta do município que corrija esses valores na base salarial”, afirmou Alberi.
Histórico de negociações
O sindicalista lembrou que o tema vem sendo discutido desde a realização de uma audiência pública na Câmara de Vereadores, quando foi retirado o projeto original para amadurecimento do debate.
Após o encontro, representantes da categoria participaram de uma reunião no Ministério Público, conduzida pela promotora Silvana Cardoso Loureiro, que cobrou do Executivo uma decisão sobre a questão.
“Debatemos propostas e valores em várias oportunidades, mas não houve entendimento. Agora o prefeito mandou para a Câmara o valor de R$ 3.500, e diante disso a categoria decidiu pela greve”, explicou Alberi.
Segundo ele, o sindicato vai intensificar o diálogo com o Legislativo:
“Nesta quinta-feira será enviado um ofício aos vereadores para que tenhamos uma reunião na sexta. Queremos pressionar para que se abra uma nova conversa, tanto com o Legislativo quanto com a prefeitura.”
Médicos criticam perdas
Entre as categorias mais afetadas pela redução do adicional de insalubridade estão médicos, dentistas e enfermeiros. O médico Fábio Franzoni, com 25 anos de serviço público, relatou a dificuldade de lidar com a mudança.
“Imagine uma redução de R$ 4 mil para R$ 750, de uma hora para outra. É claro que médicos têm uma remuneração considerada boa, mas todos já têm compromissos assumidos, como casa, carro, família. Um choque desses é muito difícil de absorver”, afirmou.
Ele também questiona o discurso oficial de que o acordo atenderia à maioria:
“Dizem que o acordo contempla 70% dos funcionários. Mas e os outros 30%? Essa minoria é formada justamente por médicos, dentistas e enfermeiros, que acabam sendo tratados como vilões da história.”
Realidade do atendimento
O médico rebateu ainda críticas de que os profissionais estariam reduzindo o ritmo de trabalho:
“Quando um paciente reclama da demora na UPA, ele não fala do presidente, do governador ou do prefeito. Ele fala que o médico não está atendendo, que a enfermeira só está conversando. Tanto que chegam a nos chamar de Operação Tartaruga. Mas a realidade é outra: em 12 horas, minha média é de 60 pacientes atendidos, muitos dos quais precisam ser reavaliados, medicados novamente, ou têm exames solicitados. Em alguns plantões, já ultrapassei 100 atendimentos.”
Franzoni destacou que a categoria busca apenas a valorização do trabalho:
“Já estamos calejados de ouvir que o médico só pensa no bolso, que é vilão. Mas ninguém olha para a nossa realidade. Se não lutarmos por nós, ninguém vai lutar.”
Serviços essenciais devem ser mantidos
Apesar da paralisação anunciada, o Ministério Público do Paraná expediu a Recomendação Administrativa nº 12/2025, determinando que a greve não comprometa os serviços essenciais de saúde. O documento estabelece que os atendimentos de urgência e emergência devem ser garantidos integralmente, sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal dos envolvidos.
Com isso, mesmo em meio à mobilização da categoria, a prioridade será preservar a vida e a segurança da população, assegurando que nenhum cidadão deixe de receber atendimento imediato em situações críticas.
NOTA À IMPRENSA
A Afya Centro Universitário de Pato Branco comunica que, apesar da paralisação no Serviço Público Municipal de Saúde de Pato Branco, os atendimentos já agendados no Ambulatório Escola do curso de Medicina seguem normalmente, uma vez que são realizados pela Instituição.
O espaço realiza mais de 1 mil atendimentos mensais e disponibiliza 18 especialidades médicas ao Sistema Único de Saúde (SUS), conduzidas por professores médicos especialistas, em conjunto com os estudantes de Medicina. São elas: Clínica Médica, Pediatria, Ginecologia e Obstetrícia, Psiquiatria, Reumatologia, Otorrinolaringologia, Urologia, Cirurgia Vascular, Cirurgia Ambulatorial (pequenas cirurgias), Endocrinologia, Cardiologia, Dermatologia, Pneumologia, Neurologia, Gastroenterologia Pediátrica, Cardiologia Pediátrica, Pneumologia Pediátrica e Nefrologia.
Os atendimentos são encaminhados pelas unidades básicas de saúde e, neste momento, seguem normalmente aqueles já agendados. A Afya Pato Branco orienta, ainda, que o Ambulatório Escola não realiza atendimentos de urgência ou emergência.
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